Acessibilidade e indústrias: impactos e possibilidades com ambientes inclusivos
A adequação dos espaços físicos das empresas do setor industrial é essencial para favorecer a realização das atividades com mais segurança e também para garantir o acesso de todos os colaboradores. Implementar a acessibilidade em espaços industriais proporciona resultados muito positivos. A diversidade dentro da organização traz resultados práticos como a melhora do clima organizacional e maior agilidade na solução de problemas, por abarcar visões diferenciadas que facilitam a inovação. Além disso, espaços acessíveis ampliam o alcance do público-alvo e agregam valor não apenas ao produto, mas à marca em si, sendo percebida de forma mais positiva pelos consumidores. Para que a empresa realize as devidas adequações, de forma a tornar seus ambientes acessíveis, é necessário conhecer a ABNT 9050/2020, norma brasileira que dispõe sobre acessibilidade em edificações e no mobiliário. Espaços acessíveis são essenciais para permitir, também, o cumprimento de outras legislações, como a Lei de Cotas – Lei nº 8.213, de julho de 1991, que determina que empresas com mais de 100 funcionários devam ter de 2 a 5% de seus cargos destinados às pessoas com deficiência. Outras Leis Federais, como as leis nº 13.146/15 e nº 10.098/00, o Decreto Federal 5.296/04 e a Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, exigem que as empresas promovam as adequações necessárias para o acesso e a inclusão de pessoas com deficiência. De forma a garantir que a legislação seja cumprida, o Ministério Público e o Ministério do Trabalho têm fiscalizado e notificado empresas e instituições. Em relação à indústria, tais órgãos entendem e cobram que haja acessibilidade em todas as áreas, sejam áreas produtivas, administrativas ou de apoio, tais como refeitórios, ambulatórios, sanitários, vestiários, entre outras. Para isso, os ambientes devem seguir as regulamentações da NBR 9050/2020, que estabelece os requisitos essenciais para os espaços, e também para as formas de comunicação e sinalização, que são elementos de extrema importância e compõe, juntamente com a arquitetura, todo um sistema que viabiliza a acessibilidade das pessoas, principalmente aquelas que possuem deficiência visual. As empresas e indústrias devem procurar a orientação de arquitetos capacitados, para adequar seus ambientes e torná-los mais inclusivos. O Studio Universalis atende a este segmento e já foi consultado por diversas indústrias do setor. Em um dos casos, a indústria não possuía nenhum de seus espaços acessíveis – desde a portaria, passando pelos corredores, bebedouros, relógio de ponto – e precisava regulamentar sua estrutura de acordo com a legislação. Após o estudo e replanejamento do espaço, uma das primeiras medidas a serem tomadas foi a adequação e a reforma dos estacionamentos, para atendimento da norma técnica ABNT 9050/2020. A norma prevê vagas de estacionamento para pessoas com deficiência e para pessoas idosas, a uma distância máxima de 50 m até um acesso acessível. Estas vagas reservadas devem ter o tamanho e o espaço adequado, devem ser demarcadas e sinalizadas com o símbolo internacional de acesso e o pictograma do idoso. Estacionamento: espaço com rota acessível Estacionamento: sinalização de estacionamento para pessoas com deficiência Isso possibilita que não apenas uma pessoa com deficiência possa utilizar esta vaga, como também qualquer pessoa que esteja com mobilidade reduzida por tempo determinado como, por exemplo, um funcionário que se machuca e não pode caminhar por muito tempo. No caso específico do refeitório, havia mesas acessíveis, mas o buffet não estava adequado para que uma pessoa com deficiência ou qualquer redução de mobilidade pudesse utilizá-lo com autonomia. A norma define que todo o mobiliário seja pensado a partir dos conceitos de design universal, de forma que os espaços possam ser utilizados com autonomia por todos e todas, independente de idade, habilidade, capacidade físico-motora ou status. Refeitórios: medidas e espaço para circulação Os espaços de circulação das indústrias devem respeitar os fluxos dos processos produtivos e observar os requisitos de segurança Porém, é essencial que também contemplem uma rota acessível. Ou seja, de acordo com a ABNT 9050/2020, devem apresentar um trajeto “contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecte os ambientes externos e internos de espaços e edificações, e que possa ser utilizado de forma autônoma e segura por todas as pessoas, inclusive aquelas com deficiência e mobilidade reduzida.” Outro aspecto muito importante foi a adequação da sinalização, essencial para garantir a segurança e bom funcionamento dos processos. Por se tratar de um um galpão industrial, o espaço necessitava ser bem demarcado e sinalizado, para que as pessoas pudessem se orientar e circular com autonomia e segurança. Conforme orientado pela normativa brasileira, a sinalização deve conter informações completas, precisas e claras e deve ser autoexplicativa, perceptível e legível para todos, inclusive às pessoas com deficiência. Devem ser dispostas pensando o uso de, no mínimo, dois sentidos: visual e tátil ou visual e sonoro. Sinalização visual É importante salientar que as adequações dos espaços industriais são feitas de forma processual. As medidas vão sendo tomadas e os espaços, alterados, aos poucos, de acordo com o fluxo definido pela empresa junto à equipe de arquitetos. Os impactos positivos de ambientes mais acessíveis são sentidos por todos os colaboradores. Neste caso, o projeto melhorou a qualidade dos acessos e dos espaços, facilitou a movimentação, possibilitou áreas mais organizadas e mais bem distribuídas e minimizou acidentes corriqueiros, como esbarrar em móveis e derrubar objetos. Para garantir espaços mais acessíveis e confortáveis, a empatia é essencial e propõe uma mudança cultural que afeta a todos no cotidiano das empresas. Ao pensar em acessibilidade no ambiente industrial, você faz com que os colaboradores passem a entender a importância prática destas ações, tanto pela percepção de um ambiente de trabalho de melhor qualidade, quanto pela compreensão dos benefícios da convivência na diversidade. E isso se reverte em ganhos que extrapolam os limites da empresa, pois as pessoas acabam “levando para casa” essa atitude inclusiva, além de perceberem a organização de maneira mais positiva. A acessibilidade deve ser pensada de forma ampla, como um conjunto de ações com grandes impactos. Nas indústrias, confere um grande diferencial competitivo e é um investimento para todas as empresas, pois é um motor