Ao final de cada ano, muitas empresas se veem imersas em um processo de introspecção estratégica, revisitando suas práticas e planejando os próximos meses: quais foram nossos pontos fortes? Em que aspectos precisamos melhorar para otimizar os resultados no próximo ano?
Embora muito da estrutura do negócio seja discutido de forma a repensar estratégias, um aspecto que frequentemente passa despercebido é o impacto dos ambientes físicos sobre as emoções e comportamentos de clientes e equipes. Parece que a estrutura física do espaço e os fluxos das pessoas que os frequentam são elementos imutáveis nessa equação em busca dos melhores resultados, e isso não é verdade. Áreas como a neuroarquitetura, que combina neurociência com design arquitetônico, tem ganhado espaço com insights para transformar espaços em experiências que atraem e engajam clientes e colaboradores.
Quer entender melhor como isso pode ser importante para o seu negócio? Então continue nessa publicação.
Imagine entrar em um espaço comercial onde a luz natural banha suavemente o ambiente, criando uma sensação de acolhimento e bem-estar…
Estudos indicam que ambientes bem iluminados podem melhorar o humor e aumentar a produtividade. E não é apenas uma questão de estética: é a ciência aplicada ao bem-estar. No entanto, a iluminação não é o único elemento a considerar, já que todos os elementos do ambiente estão conectados na percepção destes aspectos mais subjetivos. Assim, a distribuição de elementos e a configuração do espaço deve facilitar a circulação, evitando congestionamentos e promovendo uma experiência fluida e agradável para os clientes.
A arquitetura tem um impacto profundo e muitas vezes invisível sobre a forma como pensamos, sentimos e nos comportamos. Quando começamos a entender o poder considerável que os ambientes construídos têm sobre as relações humanas, poderemos impulsionar nossos espaços de trabalho para promover interações positivas entre o cérebro e o ambiente.
Vamos pensar na experiência de compras no shopping: quando adentramos em uma loja, somos imediatamente envolvidos por uma série de estímulos arquitetônicos que, muitas vezes de forma inconsciente, moldam nossas percepções e comportamentos. A arquitetura do espaço, desde a altura do pé-direito até a escolha da iluminação, influencia na forma em como nos sentimos e agimos dentro daquele ambiente.
A altura do pé-direito, por exemplo, pode influenciar nosso estado mental. Ambientes com tetos altos tendem a estimular pensamentos mais abstratos e criativos, permitindo que nossa mente vagueie e explore novas ideias. Em contraste, tetos mais baixos podem criar uma sensação de intimidade e foco, incentivando um pensamento mais analítico e detalhado. Este efeito psicológico sutil pode ser aproveitado para criar diferentes atmosferas dentro da loja, dependendo dos produtos ou experiências que se deseja promover.
Em uma área de fast food em uma praça de alimentação de shopping, por exemplo, o design do espaço é cuidadosamente planejado para maximizar a eficiência e minimizar o tempo de permanência dos clientes. Neste contexto, o caixa ou balcão é projetado para ser mais baixo, criando uma sensação de desconforto que incentiva os clientes a realizar suas transações rapidamente e deixar o espaço. Essa estratégia é eficaz em ambientes de alta rotatividade, como praças de alimentação, onde o fluxo contínuo de pessoas é essencial.
É interessante destacar que, mesmo com um perfil de alimentação rápida e de alta rotatividade, é possível manter a sofisticação se esta for a proposta do estabelecimento. Um bom exemplo disso é o Madero Burguer, em Congonhas, que oferece uma experiência premium mesmo em um formato de fast food. A empresa adaptou a experiência de consumo ao design do espaço, utilizando bancadas e um ambiente que prioriza a eficiência, atendendo às necessidades dos clientes que buscam qualidade e rapidez, com um fluxo de produção bastante rápido devido à característica do espaço em que se encontra. O fluxo é pensado para que o pedido seja recebido em poucos minutos, o cliente recebe seu pedido em uma sacola de papel, facilitando a logística e seu descarte posterior. Essa atenção aos detalhes na jornada do consumidor demonstra como o design arquitetônico pode ser utilizado para atender diferentes perfis e expectativas em ambientes comerciais.
A iluminação é outro elemento poderoso que direciona nossa atenção e influencia nosso estado emocional: em ambientes bem iluminados, especialmente com luz natural, os clientes tendem a se sentir mais energizados e alertas. Estudos mostram que a luz natural pode aumentar as vendas em até 40% ao tornar os produtos mais atraentes e o ambiente mais acolhedor. Por outro lado, uma iluminação suave e indireta pode criar um ambiente relaxante, ideal para lojas que desejam transmitir conforto e exclusividade, mas pode prejudicar a concentração caso seja um espaço que demande foco e atenção.
A iluminação contribui também para a diferenciação entre as lojas de varejo: lojas de departamento geralmente optam por layouts mais amplos e abertos, com pé-direito alto e iluminação abundante, criando um ambiente que convida o cliente a explorá-lo e que visa atender a uma ampla gama de consumidores, oferecendo uma variedade de produtos em um espaço que permite fácil navegação e descoberta.
Em contraste, lojas direcionadas a um público específico tendem a criar ambientes mais intimistas e personalizados. Elas podem utilizar iluminação mais focada, espaços mais compactos e uma decoração que reflete diretamente a identidade da marca e as preferências do seu público-alvo, criando uma conexão emocional mais forte com os clientes e incentivando uma experiência de compra mais exclusiva.
Outro ponto muito importante e por vezes negligenciado: o som ambiente. Esse elemento que muitas vezes é determinado a partir do gosto musical dos gestores, e não pensando nas características do consumidor e da relação que estabelecem com o espaço, tem o potencial para ditar o ritmo emocional dos clientes. Músicas com ritmos acelerados podem aumentar a sensação de urgência e dinamismo, enquanto músicas suaves podem prolongar a permanência dos clientes na loja, aumentando as chances de compra. A escolha cuidadosa da trilha sonora pode até mesmo influenciar as emoções dos consumidores, criando uma experiência de compra mais memorável e ativando conexões emocionais.
Por último, mas não menos importante, os aromas também têm um papel importante na experiência sensorial dentro das lojas, pois o olfato está intimamente ligado à memória emocional. Assim, aromas específicos podem evocar lembranças profundas e afetar nossas decisões de compra. Um cheiro agradável pode aumentar o tempo que os clientes passam na loja, reforçar a identidade da marca e criar associações positivas duradouras
Note que apenas no exemplo de uma loja de shopping, conseguimos mapear diversas situações que têm influência direta com a experiência de compra do consumidor. Quando trazemos esses diversos pontos do espaço que são estratégicos, a ideia não é que você transforme seu ambiente em um “parque de diversões” – a menos que essa seja a sua proposta estratégica, adequada ao seu público-alvo – com uma sobrecarga de estímulos que servirá para o oposto do que você deseja, afastando clientes. No momento de planejar os espaços, é essencial considerar as diferentes sensibilidades sensoriais dos clientes. Cores que acalmam ou energizam, texturas confortáveis ao toque e sons que não distraem são fundamentais para criar um ambiente inclusivo e acessível a todos. A arquitetura deve inspirar os clientes a permanecerem no espaço, explorando produtos e serviços de maneira confortável e satisfatória, e também é importante para otimizar a produtividade e os fluxos de trabalho dos colaboradores do espaço.
E esse é um outro ponto importante, se você está revendo suas estratégias para o próximo ano: como o ambiente do seu negócio impacta na produtividade de seus colaboradores?
Seguindo nosso exemplo da loja de shopping, com uma iluminação bem planejada é possível melhorar o humor dos funcionários e aumentar sua capacidade de atender os clientes com eficiência e entusiasmo. Isso também cria um ambiente acolhedor que atrai mais clientes. As cores dentro da loja também desempenham um papel importante, pois tons calmantes, como azuis e verdes, podem ajudar a manter os funcionários relaxados e focados, enquanto cores vibrantes podem estimular interações mais enérgicas com os clientes e, dependendo das combinações, podem até incentivar compras impulsivas. O layout da loja deve ser projetado para facilitar a circulação tanto dos clientes quanto dos funcionários, com uma organização que permite que a equipe se mova rapidamente para reabastecer produtos ou ajudar clientes, melhorando a eficiência operacional. Se um cliente, que passa apenas alguns minutos dentro do estabelecimento tem influências tão significativas do espaço, os colaboradores, que passam horas interagindo com o ambiente são ainda mais afetados pelas escolhas arquitetônicas e, por isso, é tão importante buscar soluções que impulsionem sua equipe.
Como afirmam pesquisadores da área da neuroarquitetura, não existe ambiente neutro, ou ele te beneficia ou te prejudica. Os espaços não devem apenas ser funcionais, eles precisam promover o bem-estar mental e provocar emoções que estejam de acordo com a estratégia da sua empresa. Ambientes mal projetados podem contribuir para sentimentos de ansiedade e afetar negativamente o humor das pessoas, impactos que, embora sutis, acumulam-se ao longo do tempo e podem influenciar significativamente nosso comportamento diário e a percepção que os consumidores têm da sua marca.
E já que estamos comentando sobre a revisão das estratégias para o ano que se inicia, destacamos que para medir o impacto emocional desses ambientes, as métricas tradicionais devem ser revisadas. É preciso buscar soluções que deem conta de mapear esses aspectos mais subjetivos, para entender melhor como os espaços afetam os sentimentos dos clientes e colaboradores.
Sabemos que em um mercado competitivo, proporcionar uma experiência excepcional é essencial. Com o apoio de profissionais experientes você pode transformar espaços em ambientes que atraem clientes e mantém os colaboradores engajados e felizes. Se você deseja explorar como esses princípios podem beneficiar seu negócio, entre em contato com o Studio Universalis para descobrir mais sobre como podemos qualificar os espaços do seu negócio.