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A revolução digital proporcionada pela ampla adoção dos smartphones com acesso à internet no Brasil, vista na última década, provocou profundas transformações no comportamento de compra dos consumidores brasileiros em todas as faixas de renda, sendo o varejo de moda um dos setores mais afetados por essa mudança.

Para conquistar e fidelizar os consumidores, é preciso ir além de uma boa escolha de produtos, pois o consumidor, especialmente as gerações que cresceram com a internet na ponta dos dedos, pode comprar facilmente quase tudo o que precisa sem sair de casa, por preços mais acessíveis e com prazos de entrega cada vez mais curtos, por meio de plataformas de compra online do exterior, como Shein, Aliexpress e Shopee.

Um dos principais diferenciais desses e-commerces é possibilitar ao comprador saber exatamente o que está levando para casa antes de adquirir o produto, pois permite que outros usuários compartilhem suas experiências com aquele item específico, diminuindo as chances de frustração de quem está comprando sem pegar o produto nas mãos.

Grandes varejistas de moda, como C&A, Renner e Riachuelo, viram seu fluxo de clientes diminuir consideravelmente. Por isso, apostaram em estratégias de integração do “mundo real” com o “virtual”, envolvendo desde o lançamento de coleções exclusivas em parceria com grandes marcas internacionais até a criação de seus próprios apps cheios de funcionalidades, permitindo não apenas a compra online, mas também a experiência de provador virtual e a retirada rápida na loja mais próxima do consumidor.

O varejo de moda “fast fashion”, como são conhecidas essas grandes redes, tem grande capilaridade nas camadas mais populares, pois conseguem adaptar sua oferta de produtos de acordo com o perfil do público de cada região em que estão localizadas suas lojas físicas. Além disso, proporcionam condições de pagamento diferenciadas, com prazos mais longos, financiamento próprio e início das parcelas meses após a aquisição do produto.

No caso da rede C&A, o consumidor consegue até solicitar pelo WhatsApp que um dos colaboradores se dirija até ele quando estiver dentro de uma das lojas, facilitando ainda mais a experiência do cliente que busca um produto específico e tem dificuldade em encontrar em meio à tamanha variedade de peças e tamanhos.

Em contrapartida, o pequeno varejo de moda, normalmente localizado em lojas de rua ou centros comerciais populares, não tem capacidade financeira e nem logística para competir usando as mesmas armas. No entanto, pode utilizar a arquitetura como parte central de sua estratégia de negócios, como, por exemplo, através da criação de espaços temáticos que estimulem experiências sensoriais imersivas ao cliente e o influenciem a antecipar as emoções que ele sentiria apenas depois de usar aquela peça no seu dia-a-dia, tornando mais fácil e rápida a decisão de compra.

Atraindo consumidores com experiências sensoriais

O marketing sensorial desempenha um papel fundamental na atração de consumidores para esses novos espaços de varejo. Antes de explicarmos como é possível construir atrativos no espaço físico de seu estabelecimento, vamos falar um pouco sobre o conceito do marketing sensorial.

Com o objetivo de fornecer um atendimento diferenciado e despertar a necessidade no consumidor de fazer compras baseado em estímulos capazes de causar bem-estar e desejo, o marketing sensorial desenvolve estratégias que estimulem os cinco sentidos do corpo humano.

Como benefícios deste tipo de ações, é possível criar e fortalecer os vínculos emocionais com o consumidor, estimular seu desejo de compra, fidelizar e encantá-los, além de explorar seus produtos e a própria proposta de sua loja de maneiras diversificadas e que vão além do óbvio, contribuindo para a construção de uma identidade única de marca.

Um exemplo é o estudo apresentado pela Heartbeats International, da Suécia, que mapeou a influência da música nos espaços de varejo. Os resultados são muito interessantes:

  • Playlists criadas de forma estratégica e relacionada com a personalidade da marca são 96% mais propensas de serem lembradas pelos consumidores.
  • Além disso, estas playlists contribuem para que as lojas vendam cerca de 14% a mais do que as empresas que não utilizam esse recurso de forma eficiente.
  • 33% dos pesquisados afirmaram passar mais tempo na loja por apreciarem a música.
  • A trilha sonora também influencia o retorno e a indicação da loja: 31% dos clientes pesquisados costumam retornar ao estabelecimento e cerca de 21% a recomendam para seus amigos.

Empreendedores podem se destacar investindo em elementos que estimulem os sentidos, por exemplo: a escolha cuidadosa de materiais de revestimento pode não apenas criar uma estética atraente, mas também proporcionar texturas agradáveis ao toque. Iluminação estratégica, associada a fragrâncias sutis, pode reforçar a atmosfera desejada.

Um exemplo disso é a Melissa, conhecida por suas inovadoras lojas físicas, que incorpora elementos que estimulam a percepção olfativa como uma estratégia de sucesso. Ao adentrar uma loja Melissa, os clientes são imersos em fragrâncias sutis, cuidadosamente selecionadas para reforçar a atmosfera desejada e remeter diretamente ao cheiro característico das sandálias, fortalecendo a percepção da marca. Essa abordagem não apenas cria uma identidade única, mas também estabelece uma conexão emocional com os consumidores, tornando a experiência de compra ainda mais especial.

A iluminação estratégica também é um ponto de destaque, pois ela desenha um cenário envolvente, destacando os produtos de forma atraente e convidativa e fazendo com que o consumidor os perceba de outras formas. Cada detalhe arquitetônico deve ser pensado para transmitir a essência da marca, proporcionando um ambiente que vai além do comum e que pode potencializar as vendas.

A iluminação estratégica pode destacar produtos e favorecer a experiência de compra do consumidor.
O Design de Interiores como ferramenta estratégica

O design de interiores desempenha um papel crucial na criação de ambientes atraentes e funcionais. A disposição inteligente dos produtos, combinada com áreas de descanso confortáveis, transforma a visita à loja em uma experiência agradável. Além disso, é importante considerar a ergonomia, a acessibilidade e a fluidez do espaço para garantir que os consumidores se sintam à vontade enquanto exploram os produtos.

Talvez você pense que estas alterações no espaço demandem muitos investimentos, e que sejam soluções possíveis apenas para grandes estabelecimentos. Mas a verdade é que pequenos empreendedores podem aproveitar essa oportunidade para vencer a concorrência de lojas online e se estabelecer como empresas com fortes identidades e posicionamento estratégico. Quer saber como? Acompanhe a seguir.

Recomendações práticas para pequenos empreendedores

a. Personalização do Ambiente: A chave é adaptar o ambiente ao seu público-alvo. Se você está focando em roupas para um público mais jovem, por exemplo, elementos mais modernos e dinâmicos podem ser incorporados ao design – um exemplo é a loja Gang no sul do país, que tem uma série de playlists específicas para seu público, a disposição das peças e até o aroma da loja são voltados a uma melhor experiência de compra para o público jovem.

b. Integração de tecnologias: Utilize a tecnologia para enriquecer a experiência do seu consumidor. Você pode criar áreas interativas da loja, como, por exemplo, telas sensíveis ao toque que exibem vídeos de bastidores, mostrando o processo de fabricação das peças ou destacando os valores da marca. Isso não apenas entretém os clientes, mas também constrói uma conexão mais profunda com a marca.

Um exemplo disso é a marca Centauro, que criou espaços de experimentação de seus produtos através do uso de esteiras reguláveis pelo consumidor, para que este possa avaliar qual o modelo de calçado mais adequado às suas necessidades. Isso possibilita ao consumidor uma experiência que ele só pode ter em uma loja física, um diferencial que o atrai e possibilita a compra no espaço da loja.

A Centauro é um exemplo de aplicação de tecnologia para aprimorar a experiência do consumidor no espaço físico da loja.

E até mesmo sistemas de pagamento simplificados podem fazer a diferença quando falamos em atrair o consumidor para o espaço físico. Aqui é importante lembrar que as tecnologias também podem ser implementadas para otimizar os processos internos, que também têm fortes impactos na experiência de compra.

c. Varejo de moda tátil e sensorial: No futuro do varejo de moda, o tato assume um papel central: roupas não são apenas vistas, mas envolvem toda uma experiência sensorial.  Ao direcionar nosso olhar para a arquitetura dos espaços, percebemos que a criação de ambientes temáticos e sensoriais desempenha um papel fundamental, especialmente para pequenos negócios que buscam se destacar.

Ao invés de focar exclusivamente no tato físico, a arquitetura sensorial pode explorar a criação de espaços temáticos que conectam os consumidores a uma experiência única. Por exemplo, imagine uma loja de roupas fitness que não apenas oferece peças de alta qualidade, mas também transporta os clientes para o universo de uma academia. Desde a decoração até a disposição dos produtos, cada elemento arquitetônico é pensado para transmitir a essência da temática escolhida.

A mesma lógica se aplica a outras temáticas, como roupas para a noite. Uma loja que se propõe a oferecer vestuário para eventos noturnos pode criar um ambiente temático que remete a uma atmosfera de balada. Isso vai além das roupas expostas nas araras; a arquitetura da loja se torna uma extensão da experiência, estimulando não apenas a visão, mas todos os sentidos.

A estruturação estratégica dos espaços, além de ser uma alternativa para potencializar as vendas, também contribui para tornar as lojas mais inclusivas, respeitando normas de acessibilidade e contribuindo para a inserção de consumidores com alguma deficiência, o que já discutimos aqui no blog como uma estratégia importante de negócios. 

Por exemplo, com relação à organização dos produtos, estes devem ser visíveis e de fácil acesso, possibilitando que as pessoas sintam o material e o tecido. Um exemplo pode ser a utilização de cubos de vidro empilhados, capazes de realçar produtos e fazer com que estes fiquem ao alcance das mãos. 

Além disso, é importante destacar a iluminação e o uso de espelhos na loja, pois essa não pode ser muito escura ou distorcer a cor e a percepção das roupas. É importante que cada ambiente tenha um tipo adequado de iluminação. E preste atenção em um espaço muito importante e que muitas vezes é negligenciado: o provador! Ele é essencial para a experiência de compra por tem o poder de deixar a pessoa e a roupa mais bonita ou prejudicar esta experiência, e isto está muito relacionado à iluminação e ao uso de espelhos adequados.

A decoração também deve ser pensada para valorizar os produtos. Utilize cores e elementos visuais que destaquem as peças, com contrastes adequados. Evite, por exemplo, expor peças estampadas em ambientes com paredes que também utilizem estampas, pois o contraste pode prejudicar a percepção do produto. É muito importante que as roupas expostas conversem com a decoração, seja pela temática adequada quanto pela escolha de elementos que potencializam sua exibição no espaço físico – uma vantagem da loja física em relação às compras online que deve ser bem explorada.

Essas estratégias e soluções arquitetônicas podem reforçar ainda mais a presença física da marca, contribuindo para fortalecê-la na mente dos consumidores e promover uma experiência de compra diferenciada e facilitada para todos os públicos.

A evolução do varejo de moda para espaços sensoriais e showrooms cada vez mais diversificados e inclusivos é uma resposta inteligente às mudanças no comportamento do consumidor. Os pequenos empreendedores têm a oportunidade de se renovar e fazer parte dessa transformação, criando ambientes únicos que cativam os sentidos e proporcionam experiências inesquecíveis. A integração de marketing sensorial e design de interiores não é apenas uma estratégia, mas um ponto importante para o sucesso em um mercado cada vez mais competitivo.

Este é o amanhã do varejo de moda – um espaço onde cada toque, cada textura, e cada experiência sensorial contribuem para uma conexão mais profunda entre marcas e consumidores.

E sua empresa, está preparada para essa transformação?

Vamos, juntos, construir soluções adequadas à sua realidade e que transformem a experiência do consumidor no espaço físico da sua loja.  Entre em contato com nossa especialista Angélica Picceli pelo e-mail contato@studiouniversalis.com.br ou pelo telefone (31) 98797-2392.

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