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Acessibilidade

Inclusão estratégica: Como trazer acessibilidade para espaços comerciais sem precisar fazer reformas estruturais

Vivemos no sexto país mais populoso do mundo e, de acordo com o Censo 2010, quase 46 milhões de brasileiros, ou seja, cerca de 24% da população, declarou ter algum grau de dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), ou possuir deficiência mental ou intelectual. Além disso, a expectativa de vida da população brasileira aumentou devido a melhoria nas condições de saúde, saneamento e educação, que foram impulsionadas pela urbanização. De acordo com relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde, até 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos no mundo vai duplicar. E, no Brasil, este número será ainda mais expressivo, sendo triplicado. Estaremos entre as maiores taxas de população idosa do planeta. Portanto, com números tão expressivos de brasileiros e brasileiras com algum tipo de deficiência ou em condição de mobilidade reduzida, há a necessidade de se planejar espaços acessíveis e inclusivos para todos os cidadãos. Pensar em ambientes comerciais acessíveis é levar em consideração a experiência do consumidor, uma ótima estratégia de diferenciação no mercado e também uma forma de atender a um público ainda mais amplo, que muitas vezes não encontra soluções adequadas para uma experiência de consumo minimamente satisfatória. Ao falar de arquitetura acessível, muitas pessoas pensam se tratar de grandes transformações e projetos altamente dispendiosos. No entanto, há diversas medidas simples que podem auxiliar na autonomia e independência pessoal, facilitando o acesso aos lugares sem que sejam necessárias grandes reformas. Há também lugares onde a aplicação de soluções de acessibilidade é dificultada ou impedida por causa das características estruturais dos edifícios existentes, indisponibilidade de espaço suficiente, ou ainda questões relacionadas à topografia ou condições de acesso. Nestes casos, deve-se implantar as soluções de acessibilidade no grau máximo possível, com o objetivo de dar condições de acesso e atendimento para o maior público possível, afinal, ter acessibilidade mesmo que parcial é melhor do que não ter nenhuma acessibilidade. Qualquer estabelecimento pode e deve utilizar estratégias que tornem seus espaços mais acessíveis, permitindo que fiquem disponíveis e funcionais para todas as pessoas, independentemente de suas características físicas, motoras ou sensoriais. A seguir, apresentamos várias sugestões de pequenas modificações que podem fazer grande diferença no acesso e utilização dos ambientes.  Pisos antiderrapantes para minimizar riscos de acidentes O uso de pisos antiderrapantes é recomendado para a prevenção de acidentes. Em ambientes de alto tráfego, como comércios, por exemplo, este tipo de piso auxilia no caminhar de idosos e pessoas com mobilidade reduzida, pois é feito de materiais com maior aderência ao solado dos sapatos e fornecem mais segurança. Existem diversos tipos de pisos e materiais que podem ser utilizados e esta escolha deve ser feita de acordo com o ambiente a que se destinam, seja ele interno ou externo. Deve-se atentar, também, para a forma com que os acabamentos são aplicados: os pisos devem ser sempre contínuos, firmes e regulares. Evite acabamentos que produzam superfícies irregulares, tapetes e capachos que não estejam aderidos ou embutidos ao chão, pois dificultam o deslocamento das pessoas. Sinalização dos espaços A sinalização dos espaços é outro elemento muito importante para torná-los mais acessíveis sem a necessidade de grandes reformas. Como meio de comunicação, a sinalização deve ser pensada de forma que a mensagem seja apreendida pelo maior número possível de pessoas, levando-se em conta que cada um se comunica e compreende as informações de forma diferente. Para isto, é preciso que seja percebida por pelo menos dois sentidos humanos diferentes: visual e sonora ou visual e tátil.  Como exemplo, citamos as placas de sinalização com textos em alto relevo e braile, abarcando os sentidos visual e tátil. Placas de sinalização com textos em alto relevo e áudio também são um exemplo, que engloba os aspectos visuais, táteis e sonoros.  O piso tátil também é um tipo de sinalização e deve ser aplicado nos pisos em áreas externas, onde não há paredes que auxiliem na orientação espacial de pessoas com deficiência visual. Devem ser sempre em cor forte e contrastante com a cor do piso adjacente. Quanto às especificidades da comunicação visual, é importante utilizar sempre letras em tamanhos maiores e um contraste adequado entre as cores do fundo e da letra. Mobiliário adequado e amplo espaço de circulação Inúmeras são as possibilidades para pensar o mobiliário de estabelecimentos mais inclusivos. Uma dica é pensar os balcões de atendimento com altura adequada para atendimento de pessoas sentadas ou em pé.   Outra ótima dica é disponibilizar bancos ou áreas para descanso de pessoas com mobilidade reduzida, pois, além de demonstrar carinho e consideração com o cliente, pode ser uma estratégia inteligente para mantê-lo em seu estabelecimento e, consequentemente, consumindo por mais tempo. Também é importante pensar em espaços amplos e que possibilitem às pessoas circularem com segurança entre gôndolas e expositores, pois, além de aprimorar a experiência do cliente, ele sente-se muito mais confortável ao fazer suas compras. Além disso, pessoas em cadeiras de rodas, com carrinhos de bebê ou andadores necessitam de espaços maiores para circular. Pensar nos detalhes Pequenos detalhes têm grandes impactos para tornar o acesso aos espaços mais facilitado. Mesmo que o banheiro do estabelecimento não tenha espaço suficiente para ser totalmente acessível, você pode instalar barras de apoio para auxiliar às pessoas com mobilidade reduzida, como os idosos, por exemplo. Outra recomendação é utilizar maçanetas das portas, pias e lavatórios no formato de alavanca, para facilitar seu acionamento. Você pode, também, instalar corrimãos em corredores para que os sêniores, ou pessoas com pouco equilíbrio possam se apoiar e circular de forma mais confortável. Estas sugestões mostram que é possível tornar os ambientes comerciais mais acessíveis sem realizar grandes reformas estruturais e, dessa forma, garantir uma experiência ainda mais agradável para um maior número de consumidores. Cada vez mais as empresas buscam soluções inovadoras, e investir em acessibilidade é uma ótima maneira de atingir o sucesso e ser lembrado como uma referência na sua área de atuação. Nós, do Studio Universalis, acreditamos que, além de uma estratégia de

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Acessibilidade

Appunto Arquitetura para Studio Universalis: Um processo transitório rumo a acessibilidade e inclusão social através da Arquitetura

Projetar espaços é muito mais do que apenas escolher onde as janelas ou paredes vão ser colocadas, é pensar nas formas com as quais o ser humano irá interagir e se relacionar com os ambientes e indivíduos naquele lugar. Eu sempre acreditei que a arquitetura precisava ser mais do que a parte estética ou funcional, ela precisava fazer parte da vida das pessoas, mas de uma maneira coadjuvante para que o ser humano brilhe no centro. No início de 2011 tomei a decisão de empreender meu primeiro escritório de arquitetura, a Appunto Arquitetura e Design, com a premissa de criar projetos que atendessem a necessidade de todas as pessoas, independentemente de suas características físicas, motoras ou sensoriais. Porém, naquela época o mercado ainda via a acessibilidade e inclusão como algo muito engessado na ideia das exceções, como se fosse algo para atender apenas pessoas com algum tipo de deficiência. Ao longo dos últimos 10 anos desenvolvemos inúmeros projetos de centros comerciais, estabelecimentos de saúde, industriais e residenciais. No entanto, sempre senti muito desconforto e insatisfação por conta de a Appunto nunca ter sido reconhecida como uma empresa orientada para projetos de acessibilidade ambiental e arquitetura inclusiva. Por conta disto, no ano de 2018, após quase uma década atuando diretamente como arquiteta em projetos de todos os tipos através da Appunto, com o objetivo de transformar a acessibilidade em um diferencial da empresa, tomei a decisão de ir atrás de grupos de networking formados por empresários de várias áreas de atuação, que me ajudaram a perceber que para atingir o meu propósito era necessário repensar não apenas o posicionamento da empresa, como o meu próprio enquanto arquiteta. Em fevereiro de 2019, a ideia por trás do Studio Universalis começou a ser elaborada, partindo do entendimento de que a acessibilidade deve ser pensada para todos, e que para isso, seria necessário ajudar às pessoas a compreenderem como seus benefícios impactam positivamente na qualidade de vida de todos nós, individualmente e como sociedade. Ao longo daquele ano desenvolvi diversas estratégias para posicionar o Studio Universalis na mente das pessoas como uma empresa que trata a acessibilidade como um ponto central dos projetos, culminando com o lançamento oficial da nova empresa, no evento de networking Business Club Conexões Inteligentes. Nos últimos dois anos, os dois escritórios coexistiram atendendo diversos tipos de projetos de arquitetura, porém para seguir em frente foi necessário tirar de cena a Appunto Arquitetura e Design para que o Studio Universalis possa se desenvolver plenamente A pandemia pela qual passamos trouxe inúmeros desafios para superarmos, porém as oportunidades nunca estiveram tão abundantes para uma sociedade que pensa a inclusão e a acessibilidade para todas as pessoas como um diferencial competitivo para o crescimento sustentável no longo prazo. Eu sempre tive muita clareza de que para tornarmos o mundo um lugar melhor para as próximas gerações é fundamental oportunizarmos condições equiparadas para que todas as pessoas possam exercer seus papéis na sociedade de forma digna, humana e diversa. E eu enquanto profissional da Arquitetura não poderia deixar de fazer parte deste movimento transformador porque a inclusão e acessibilidade não apenas tornam a vida das pessoas mais fácil como também permitem que os negócios prosperem e sejam ainda mais rentáveis e lucrativos.

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Arquitetura comercial

Acessibilidade no ambiente empresarial: Como aumentar a lucratividade através da inclusão social?

No ambiente corporativo, o intuito de trazer pessoas diferentes vai além de gerar diversidade na empresa. Ela pode resultar em um grupo de pessoas que, por terem vivências tão diferentes, se complementam e trazem novas perspectivas sobre os mais variados assuntos. Segundo pesquisa da McKinsey & Company, empresa de consultoria americana, as companhias com mais diversidade têm 35% mais chance de retorno financeiro que a média do mercado. Isso demonstra que, apesar dos empecilhos do cotidiano empresarial, uma equipe formada por pessoas diversas gera resultados além dos convencionais. A mesma pesquisa também indica que igualdade de gênero é um indicativo de sucesso, podendo atingir até 41% de aumento na lucratividade das empresas que adotam este tipo de política de recursos humanos. As causas sociais andam diretamente atreladas ao ambiente de trabalho. Apesar de constituírem 55,8% da população, o mercado contrata menos pessoas negras e com frequência as direciona para cargos de baixa relevância e remuneração, perpetuando o estigma da sociedade e sua dívida histórica tão presente até hoje.  Quando falamos da contratação de pessoas com deficiência, até grandes corporações tem dificuldade para incluí-las porque, em grande parte das vezes, suas sedes não possuem ambientes de trabalho adequados para receber este público, indo no caminho contrário da diversidade. Oferecer ambientes de trabalho acessíveis possibilita que a experiência de todos os funcionários seja produtiva e agradável, mostrando-se uma grande vantagem competitiva, já que além de gerar excelentes resultados, também aumenta o engajamento e a sensação de pertencimento.  Para tanto, é preciso garantir que as pessoas possam chegar a seus postos de trabalho com segurança e que tenham condições de permanecer no local. Ou seja, acessos sem barreiras, mesas e bancadas de trabalho com equipamentos ergonomicamente adequados, bem como copas, refeitórios e instalações sanitárias que consigam receber todos os tipos de pessoas. No entanto, para grande parte das corporações, ainda é difícil perceber o custo/benefício de ambientes inclusivos, que possibilitem o acesso a todos porque com frequência a acessibilidade é tratada partindo do ponto de vista da exceção, como se servisse apenas às pessoas com deficiência, quando deve ser pensada para todas as pessoas, independentemente de suas características físicas, motoras ou sensoriais. Para além da lucratividade, o ambiente de trabalho torna-se acolhedor para os funcionários, melhora o clima organizacional pelo senso de responsabilidade social e cuidado da empresa para com as pessoas. O convívio com as diferenças apresenta resultados positivos, gerando uma experiência única de crescimento pessoal a todos os funcionários pela oportunidade de se conviver e aprender com pessoas que carregam suas histórias de vida.  Pensando nisso, o Studio Universalis trabalha há mais de 10 anos com a missão de projetar espaços adequados para todas as pessoas, favorecendo e impulsionando a diversidade e a inclusão. Os projetos desenvolvidos em nosso escritório são pensados para transformar inclusão em lucratividade porque a arquitetura precisa ir além da parte técnica, ela tem que fazer parte da estratégia de negócios das empresas.  

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Acessibilidade

Acessibilidade nas escolas: o que fazer para não deixar nenhum aluno de fora

Uma verdade que todos concordam: o futuro do nosso país depende da educação. Apostar em uma educação de qualidade, voltada para o desenvolvimento cultural, técnico, social e humano das pessoas é a chave para um futuro melhor e para um país promissor, que cuida dos seus cidadãos. E nosso país está precisando desesperadamente e urgentemente dessa educação. Uma educação que nos alimente com senso crítico, senso de coletividade, senso de pertencimento e que nos possibilite crescimento pessoal, que ofereça a nossas crianças, jovens e adultos a oportunidade de um presente e um futuro brilhante e feliz. Mas para que esta tão sonhada educação seja possível, a escola precisa ser capaz de receber a todas as pessoas. Ninguém pode ficar de fora. Afinal, antes mesmo de se constituir em uma grande esperança para o nosso país, a educação é um direito fundamental de todos nós. O direito à educação para todas as pessoas vai muito além de professores capacitados, métodos e materiais didáticos adequados e eficientes. É necessário, antes de qualquer coisa, que as pessoas (estudantes e profissionais da educação) possam chegar e permanecer nas escolas – acessibilidade ambiental é fundamental. A acessibilidade dos espaços promove a convivência social, o aprendizado e o desenvolvimento de pessoas com diferentes características físicas, motoras, sensoriais e intelectuais de forma harmoniosa e equiparada em um mesmo ambiente, contribuindo para a derrubada de preconceitos e a percepção de que as nossas diferenças são o nosso maior tesouro. São as nossas diferenças que nos fazem tão especiais enquanto indivíduos e enquanto sociedade. Já está comprovado que grupos com grande diversidade tem maior capacidade para encontrar soluções para seus problemas, inovar e empreender. Por isso é tão importante que as escolas sejam acessíveis e estejam preparadas para a inclusão de todas as pessoas. E para ajudar aos gestores das escolas a compreenderem o que é necessário para se ter ambientes escolares acessíveis, descrevo abaixo sete pontos que devem ser observados: 1 – Entradas e acessos: Para a chegada e entrada dos professores, estudantes e funcionários é preciso que o percurso entre a calçada e áreas de embarque e desembarque estejam livres de quaisquer tipos de barreiras (tais como degraus, por exemplo), que impeçam o deslocamento fácil e seguro de todas as pessoas. As áreas de embarque e desembarque devem possuir vagas de estacionamento acessíveis reservadas para pessoas com deficiência, para facilitar a chegada e a entrada das pessoas com maior dificuldade de mobilidade. É importante que este percurso livre de barreiras que parte da calçada leve as pessoas por todas as áreas da escola: salas de aula, áreas de prática esportiva, bibliotecas, laboratórios, áreas administrativas, auditórios, cantinas, refeitórios, entre outras. Este percurso se chama rota acessível. 2 – Salas de aula e laboratórios As salas de aula e laboratórios devem ter portas com vão de passagem mínimo de 80 cm e é importante que os corredores entre as mesas e carteiras tenham espaço suficiente para que estudantes em cadeiras de rodas possam se aproximar, se movimentar e utilizar o mobiliário (Figura 1). Aliás, este também é um ponto muito importante: as carteiras universitárias, muito utilizadas em várias escolas, não são acessíveis para todas as pessoas. É necessário que as escolas tenham mesas reguláveis, que se adaptem facilmente à vários tipos de necessidades. Bancadas fixas em laboratórios precisam ter espaço inferior livre para que as pessoas em cadeiras de rodas possam acomodar suas pernas sob elas e altura adequada para trabalho sentado. As lousas ou quadros brancos devem estar fixadas nas paredes em uma altura que seja boa para as crianças e para adultos com baixa estatura, sendo a altura máxima de 90 cm do piso (Figura 2). 3 – Quadras, piscinas e equipamentos esportivos O percurso até as áreas de prática esportiva deve ser livre de barreiras arquitetônicas, permitindo que todos os estudantes cheguem a até lá para a prática de esportes. Caso a escola possua modalidade esportiva que utilize cadeiras do tipo cambada (Figura 3), as portas existentes na rota acessível devem ter medida mínima de 1,00 metro de largura, incluso as portas dos vestiários e instalações sanitárias. As arquibancadas e áreas de plateia, além de estarem na rota acessível, devem possuir espaço reservado para pessoa em cadeira de rodas. 4 – Instalações sanitárias e vestiários Deve haver vestiários e sanitários acessíveis em todos os pavimentos das escolas, sendo que 5% do número total de peças sanitárias devem atender à norma de acessibilidade. É recomendável que haja instalações sanitárias e vestiários acessíveis masculinas e femininas nas escolas com entrada independente, do tipo família, possibilitando a assistência de terceiros, caso necessário. 5 – Bibliotecas Nas bibliotecas, além dos corredores amplos, é interessante que se utilize estantes baixas para que os livros fiquem acessíveis a pessoas sentadas ou em pé, com as mais variadas estaturas. Na impossibilidade de se utilizar estantes baixas, pode-se disponibilizar colaboradores para assistência aos usuários. 6 – Cantinas e refeitórios Para que os balcões de atendimento nas cantinas sejam acessíveis devem ter altura máxima de 85 cm do piso, possibilitando que pessoas em cadeira de rodas, pessoas de baixa estatura e crianças veja o atendente e também sejam vistos. As vitrines também devem estar em altura acessível aos olhos deste público (Figura 4). 7 – Comunicação e sinalização A sinalização dos espaços e comunicação dentro das escolas é outro ponto de suma importância. Ela deve estar presente obrigatoriamente na rota acessível e em toda a escola. Seu papel é auxiliar na orientação espacial e localização das pessoas. A sinalização para orientação e localização deve ser feita com piso tátil, placas de sinalização visual com textos e figuras em alto relevo e braile, e também sinalização sonora. Deve-se sempre combinar pelo menos dois tipos diferentes de sinalização de forma que a comunicação seja feita através de dois sentidos – visual e tátil ou visual e sonoro. A aplicação dos pisos táteis deve ser planejada com o auxílio de um arquiteto, pois não é recomendada para todos os ambientes internos nas edificações. Além disso, há uma

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Acessibilidade

Acessibilidade e Inclusão em condomínios residenciais: o que os síndicos precisam saber

Imagine que você sofra um acidente e passe a utilizar muletas ou cadeira de rodas temporária ou permanentemente, o prédio onde você mora está preparado para te receber?  E quando chegarmos à velhice e a perda dos movimentos for uma realidade (algo natural, que acontece com todo mundo), o condomínio onde moramos está pronto para nos oferecer a qualidade de vida e a segurança que os idosos precisam para continuar a viver com autonomia e aproveitar da melhor maneira a sua longevidade? Ao contrário do que muitos pensam, acessibilidade vai muito além de uma obrigação legal. É uma questão prática e serve para todas as pessoas. Em algum momento da vida todos nós precisaremos dela. Nos condomínios residenciais esta questão tem sido cada vez mais abordada, seja por exigência da lei, ou porque as pessoas passaram a ter consciência dos seus direitos e dos benefícios que os espaços acessíveis trazem. E para ajudar a compreender o assunto, separei algumas informações importantes para serem usadas nas assembleias de moradores e discutir o assunto com tranquilidade. Por que o lugar onde moro precisa ser acessível? A principal resposta para esta pergunta é: a acessibilidade, além de garantir o direito de todas as pessoas de ir e vir livremente (direito este garantido pela Constituição Federal), proporciona maior autonomia e inclusão para as pessoas no uso dos espaços durante as atividades do dia a dia e melhor qualidade de vida para todos. Temos de lembrar que além dos moradores, a acessibilidade também beneficia os visitantes do condomínio, afinal, inúmeras famílias possuem os pais, tios e amigos idosos e é muito bom ter a presença dessas pessoas em nossas casas, não é mesmo? Outro motivo importante é porque a acessibilidade é lei em nosso país, desde 2004 quando foi promulgado o Decreto Federal 5296/2004. O que diz a lei? O Decreto Federal 5296/2004 instituiu a obrigatoriedade de acessibilidade nas edificações e nos espaços urbanos. Depois deste decreto, outras leis vieram complementar e reforçar a obrigatoriedade da existência de acessibilidade, como a Lei Federal 13.146/2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas com Deficiência. De maneira geral, os condomínios devem possuir acesso livre de barreiras para todas as pessoas, a partir da rua e em todas as áreas de uso comum. A ausência de acessibilidade pode levar a processos judiciais e multas. Mais recentemente a acessibilidade também passou a ser obrigatória nas unidades residenciais: com o Decreto 9451/2018, que regulamentou o Artigo 58º da Lei Brasileira de Inclusão, os edifícios residenciais construídos a partir da data de promulgação da lei devem ter, além da acessibilidade nas áreas de uso comuns, apartamentos acessíveis ou adaptáveis para que sejam futuramente acessíveis. Além das leis federais, muitos municípios possuem legislação específica sobre o tema, reforçando a importância e a necessidade de ações para a implantação da acessibilidade, tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. O que deve ser observado para ter acessibilidade nos condomínios? O objetivo geral é que as pessoas possam chegar aos lugares, entrar, circular e utilizar todos os ambientes com segurança e autonomia. Então, essa jornada começa na calçada. A rota que as pessoas fazem a partir da calçada até as áreas internas do condomínio precisa ser livre de degraus ou outros tipos de obstáculos. Os corredores e portas precisam ter largura adequada. É preciso também garantir espaço suficiente para que as pessoas se aproximem e utilizem os ambientes, todas as facilidades existentes, incluindo o mobiliário do local. Banheiros, cozinhas, salões de festa e equipamentos de lazer tais como saunas, piscinas, quadras e playgrounds também devem ter acessibilidade. Os corredores que levam até os apartamentos também devem ter largura adequada, bem como a área de aproximação necessária junto às portas. Também é importante sinalizarmos os espaços e utilizar comunicação tátil de piso, placas de identificação e localização dos espaços com texto e figuras em alto relevo e em braile. Afinal, a acessibilidade também precisa ser pensada para as pessoas com deficiência visual. Não se esqueçam das garagens e áreas de embarque e desembarque. É muito importante ter vagas reservadas para a acessibilidade de pessoas com deficiência e idosos, demarcadas e sinalizadas, lembrando que no caso da vaga reservada para pessoa com deficiência é necessário que haja uma faixa lateral livre para acesso ao veículo estacionado.  Como referência para as ações de acessibilidade, a legislação estabeleceu a Norma Técnica Brasileira NBR-9050/2020. Nela encontramos os parâmetros mínimos para ter acessos e ambientes acessíveis e adequados para todas as pessoas. Meu condomínio é antigo. O que fazer? Prédios antigos não estão livres de implantar acessibilidade no grau máximo possível.  Obviamente que neste caso pode haver limites para a reforma em função da estrutura já existente, de forma que tecnicamente não se consiga ter ambientes plenamente acessíveis, mas isso não é desculpa para não adequar tudo o que for possível. Nestes casos é importante consultar um arquiteto ou engenheiro para entender o que pode ser feito. E os condomínios novos, como são? Os condomínios mais novos já devem ter a acessibilidade prevista na infraestrutura das áreas de uso comum. Assim, deve-se cuidar para que a acessibilidade seja mantida nestes espaços, evitando-se que estas áreas sejam ocupadas com obstáculos diversos, que possam prejudicar a livre circulação das pessoas. Acessibilidade atitudinal: estimular boas práticas de inclusão pode ajudar na conscientização de todos Uma boa estratégia para a implantação da acessibilidade nos condomínios é começar pelo estímulo a práticas de inclusão. Estas práticas envolvem a conscientização sobre o que é acessibilidade, para que serve e um profundo exercício de empatia, onde as pessoas são convidadas e estimuladas a olhar para seus vizinhos, amigos e familiares e, a partir do conhecimento mútuo, estabelecer atitudes e procedimentos que melhorem a acessibilidade, a autonomia e a qualidade de vida dos moradores, enquanto a acessibilidade física dos ambientes não está implantada. A partir desta estratégia os síndicos certamente terão mais facilidade em conduzir a implantação da acessibilidade em seus condomínios, pois todos passarão a entender o valor e os

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Arquitetura comercial

Acessibilidade em empresas de varejo: Porque espaços acessíveis são uma vantagem competitiva

Todo mundo concorda que um cliente satisfeito é um cliente que volta. Certo? E como clientes, gostamos de comprar em lojas que nos oferecem conforto, comodidade e segurança. É muito agradável ir um estabelecimento onde o acesso é fácil e onde podemos caminhar pelos corredores com tranquilidade sem medo de esbarrar e derrubar os produtos que estão expostos, não é mesmo? E o que dizer da sensação de parar em frente aos expositores e conseguir pegar aquilo que você quer sem precisar chamar o funcionário da loja para te ajudar, afinal, você quer ter tranquilidade para olhar o produto e comparar as opções disponíveis? Ou o contrário: ter uma pessoa para te atender, bem treinada para se comunicar com você da maneira que você entende, com cordialidade, empatia e respeito, capaz de te ajudar a fazer uma compra consciente e te conduzir para uma experiência de consumo personalizada e totalmente diferenciada. Com certeza damos preferência a estabelecimentos que privilegiam uma boa experiência de compra, onde nos sentimos confortáveis e respeitados. E é assim que algumas marcas conseguem fidelizar os seus clientes, concordam? Agora, eu gostaria que vocês prestassem atenção a estes números: Segundo o IBGE, no Brasil existem mais de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência (isso representa 25% da nossa população); O Brasil possui mais de 28 milhões de pessoas com mais de 60 anos, ou seja, 13% da nossa população, e de acordo com o IBGE esse número deve dobrar nas próximas décadas. Somando-se o grupo das pessoas com deficiência com o grupo das pessoas com mobilidade reduzida teremos 73 milhões de brasileiros.  Pergunto: parece pouco para vocês? Vocês acham que este grupo é pequeno? (A população da Itália inteira está em torno de 59 milhões de pessoas). Sim! A população de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida no Brasil é muito grande e podemos incluir ainda no grupo das pessoas com mobilidade reduzida as gestantes, os obesos e as pessoas com mobilidade reduzida temporária. Uma pesquisa do SEBRAE/SP indicou que 50% das pessoas com deficiência são economicamente ativas e junto com a população de idosos formam um grande mercado consumidor ávido por produtos, serviços e experiências que atendam às suas necessidades. A Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em parceria com a Toluna realizou um estudo sobre os hábitos de consumo das pessoas com deficiência, que indicou que para este público a acessibilidade tem grande relevância. Aspectos como o acesso à loja, facilidade de deslocamento dentro da loja, acesso fácil aos produtos e atendimento adequado são fatores decisivos de compra para mais de 80% deste grupo. É importante ressaltar que espaços acessíveis trazem benefícios para todas as pessoas. Espaços mais amplos e confortáveis podem melhorar a experiência de compra de todos os clientes e aumentar potencialmente o público-alvo do negócio. Quando existe acessibilidade na estrutura física das lojas, além de atender um público maior, com a possibilidade de um aumento de até 40% nas vendas (segundo estudo do Sebrae/SP), as empresas passam a oferecer condições adequadas para a contratação de pessoas com deficiência, tornando-se realmente inclusivas também em sua operação. Além de mais consumidores e mais vendas, acessibilidade e inclusão contribuem para a melhora do clima entre os funcionários, criando engajamento e aumentando a produtividade. Acessibilidade e inclusão não é um modismo. Muito mais do que atender à legislação sobre a disponibilização de espaços acessíveis, é um dever das empresas. Clientes cada vez mais exigentes e antenados têm exigido uma postura mais responsável das empresas em relação às questões sociais e conseguem perceber maior valor nestas marcas, concordando muitas vezes em pagar mais por produtos, serviços e experiências que sejam condizentes com os valores em que acreditam. E como é a sua loja? Você já está preparado para esse público-consumidor?

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Acessibilidade

Cidadania e Inclusão: Os impactos do novo PL 6.159/19 no mercado de trabalho para pessoas com deficiência

No último dia 26 de novembro o Governo Federal apresentou um Projeto de Lei (PL 6.159/19) que ameaça a política de inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A proposta, que tramita em regime de urgência, sugere que as empresas troquem a contratação de pessoas com deficiência pelo pagamento de uma multa no valor de dois salários mínimos, durante três meses. Além disso, permite a extinção de vagas existentes nas empresas de prestação de serviços terceirizados e temporários que atuem em órgãos públicos; entre outas medidas. É importante esclarecer que a obrigatoriedade de contratação de pessoas com deficiência por empresa com mais de 100 funcionários não é um “privilégio” para um determinado grupo da sociedade. Mas representa a equiparação ou a compensação de um desequilíbrio na competição por uma vaga de emprego, que impulsiona a inclusão social de um grupo que via de regra encontra-se em constante desvantagem em nossa sociedade. Segundo o IBGE, as pessoas com deficiência representam apenas 0,9% das carteiras assinadas no país e esta proposta do Governo Federal pode ajudar a derrubar ainda mais este número. Na contramão da Declaração Internacional dos Direitos da Pessoas com Deficiência e da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, o Projeto de Lei 159/19 visa favorecer empresas pouco comprometidas com responsabilidade social e ao mesmo tempo, pode representar um aumento de despesas para o Governo, uma vez que, com a diminuição das oportunidades no mercado de trabalho, as pessoas com deficiência tendem a ficar reféns dos benefícios da Previdência Social para sobreviver. Estimular a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, além de economia para os cofres públicos, também produz ganhos dentro das empresas. Estudos comprovam que a presença de pessoas com deficiência aumenta a produtividade e melhora o clima organizacional das empresas, além de alimentar uma imagem corporativa positiva perante o mercado e a concorrência. Os ganhos sociais são inúmeros e em todas as frentes: é vantajoso para a sociedade, para a empresa e para o governo. O que você acha dessa medida?

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Acessibilidade Ambiental e Inclusão de Pessoas Com Deficiência Como Diferencial Competitivo no Mundo dos Negócios
Acessibilidade

Acessibilidade Ambiental e Inclusão de Pessoas Com Deficiência Como Diferencial Competitivo no Mundo dos Negócios

Adequar os espaços físicos empresariais de acordo com as normas e leis orientadas para a acessibilidade ambiental pode parecer um desafio e tanto para a maior parte dos empresários por diversas razões, entre elas o custo financeiro necessário para implementação e, principalmente, a falta de profissionais interessados e/ou especializados em desenvolver projetos arquitetônicos que combinem os aspectos funcionais e estéticos necessários com a acessibilidade ambiental para inclusão de todos os cidadãos. Ultimamente tenho sido procurada por diversas empresas que estão querendo desenvolver projetos de adequação para acessibilidade ambiental em suas áreas de escritório, principalmente por conta da força da legislação e da atuação firme do Ministério Público e do Ministério do Trabalho em Belo Horizonte, que não tem dado trégua para o empresariado local, visando especialmente o segmento de bares e restaurantes. No entanto, para grande parte dos clientes que me demandam esse tipo de serviço, ainda é difícil conseguir enxergar o custo/benefício positivo envolvido neste tipo de investimento porque pouco se fala em inclusão no Brasil, menos ainda em oportunidades no mundo de negócios para empresas inclusivas. Por atuar especificamente neste segmento da arquitetura há quase uma década, separei diversos pontos relevantes que devem ser considerados ao avaliar estrategicamente um investimento como este em seu negócio: ACESSIBILIDADE AMBIENTAL É SIM UMA GRANDE VANTAGEM COMPETITIVA Segundo o último censo do IBGE, temos no Brasil mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Adicione a este número a população de pessoas com mais de 60 anos, com uma crescente expectativa de longevidade. Temos assim um enorme grupo de consumidores e clientes que podem ser atendidos pela sua empresa, desde que ela esteja preparada para eles, e que só tende a crescer. ACESSIBILIDADE AMBIENTAL POSSIBILITA UMA MELHORA NO CLIMA ORGANIZACIONAL Várias pesquisas indicam que em empresas onde a acessibilidade ambiental foi implantada houve uma evolução positiva no clima organizacional, tanto pela valorização da diversidade na inclusão de pessoas com deficiência quanto pela percepção do cuidado que a empresa demonstra com o seu recurso mais valioso: as pessoas. A melhora do clima organizacional também é decorrente de outro benefício da implantação da acessibilidade ambiental: a diminuição de barreiras de comportamentos e preconceitos, facilitando desta forma o aprendizado coletivo e individual. ACESSIBILIDADE AMBIENTAL DIMINUI BARREIRAS DE COMPORTAMENTO E PRECONCEITOS SOBRE AS DIFERENÇAS Ambientes acessíveis permitem que pessoas com diferentes características e necessidades individuais possam conviver, interagir e apreender umas com as outras, ampliando os horizontes e a percepção de todos os indivíduos, eliminando-se preconceitos que antes existiam por mera falta de informação ou desconhecimento sobre as necessidades de uma pessoa para outra. ACESSIBILIDADE AMBIENTAL AUMENTA A PRODUTIVIDADE E O ENGAJAMENTO DOS COLABORADORES Empresas que adequam sua estrutura física e adotam ações para promoverem a inclusão de pessoas com deficiência em seus quadros de funcionários demonstram sua responsabilidade social e seu cuidado com o colaborador. Estas iniciativas são percebidas de forma muito positiva, de forma que os colaboradores se sentem valorizados e orgulhosos de fazerem parte da empresa. Esse sentimento tende a se refletir no engajamento e no envolvimento da equipe com a empresa e sua marca. Além de enriquecedor, o convívio com pessoas com deficiência tende a ampliar os limites individuais de cada um, de forma que as pessoas se sentem inspiradas e motivadas pela força de vontade e garra das pessoas que apesar das deficiências estão ali desempenhando papéis semelhantes, gerando um aumento sensível de produtividade. ACESSIBILIDADE AMBIENTAL PROMOVE UM AUMENTO NA PERCEPÇÃO DE VALOR DA MARCA Empresas cujas instalações físicas são acessíveis tem uma imagem corporativa muito positiva e valorizada perante o mercado e seus consumidores, pois podem sustentar a bandeira de que são socialmente responsáveis e inclusivas, que valorizam as diferenças, e que respeitam seus colaboradores e clientes, valores estes extremamente importantes na sociedade hoje em dia, com consumidores cada dia mais exigentes com as empresas com as quais costumam se relacionar em seu cotidiano. Entretanto, muito mais importante do que apenas atender à legislação por força de lei para evitar multas pesadas, ter instalações físicas acessíveis é sem dúvida um excelente investimento no médio e longo prazo, pois cada centavo aplicado nas obras de adequação retornará de forma consistente através da ampliação da carteira de clientes e/ou consumidores, que por sua vez promoverá também um incremento no engajamento da equipe e este será refletido diretamente no aumento da produtividade e no ganho individual e social que cada um produz. Por fim, empresas socialmente responsáveis inspiram seus clientes a se tornarem pessoas melhores a cada dia, desenvolvendo uma relação de confiança e respeito que cria uma vantagem competitiva capaz de destacá-las perante a concorrência. Se você quiser colaborar com a discussão ou saber mais a respeito, me envie um e-mail com suas dúvidas ou sugestões. Até a próxima e obrigado por ter lido até aqui!

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Bares e Restaurantes Inclusivos Um Nicho a Ser Explorado
Bares e restaurantes

Bares e Restaurantes Inclusivos Um Nicho a Ser Explorado

Não é à toa que o tema “Inclusão” tem estado em pauta com frequência recentemente. Afinal, somos cerca de 45 milhões de brasileiros que se declaram com algum tipo de deficiência. E com o crescente envelhecimento populacional e o aumento da expetativa de vida das pessoas, as projeções indicam que até 2040 metade da população terá mais de 50 anos. Cada vez mais ativo, este público tem buscado um estilo de vida independente e moderno, demandando por infraestrutura, produtos e serviços que sejam capazes de atender às suas necessidades. Muito mais do que suprir a necessidade de alimentação, quando escolhemos um bar ou restaurante, estamos buscando uma experiência. Isso é comum à todas as pessoas. Entretanto, bares e restaurantes que pretendam ser inclusivos, aumentando seu alcance de público, precisam ter seu ambiente e seu pessoal preparados para estes clientes. Vou listar abaixo alguns tópicos que são essenciais para um estabelecimento inclusivo: ELIMINE AS BARREIRAS ARQUITETÔNICAS Um dos principais motivos que fazem os idosos quererem ficar em casa é a dificuldade em se locomover e o medo das quedas. Por isso, tanto nos acessos quanto dentro dos estabelecimentos, elimine os degraus e outros elementos que possam causar tropeções (como tapetes e capachos, por exemplo). Disponibilizar barras de apoio para que seu cliente possa eventualmente se apoiar no caso de perda de equilíbrio torna os caminhos fáceis e seguros. É importantíssimo ter rotas acessíveis, que são o trajeto a partir da rua, com corredores largos e livre de barreiras para que seu cliente possa chegar às mesas, balcões, sanitários e outras facilidades de forma segura tranquila. DIMINUA OS ESFORÇOS Aquele percurso relativamente longo que para os mais jovens é fácil de fazer, para as pessoas com dificuldade de locomoção pode ser bastante cansativo. Disponibilizar bancos e áreas de descanso, diminuindo as distâncias pode ser uma excelente estratégia de acolhimento. É imprescindível disponibilizar vagas de estacionamento reservado para este público o mais próximo possível da entrada do estabelecimento. MESAS E BALCÕES ACESSÍVEIS O ideal é que todas as mesas no salão sejam acessíveis, criando um ambiente de igualdade para todos os clientes. Mas, se isso não for possível, as mesas de refeição acessíveis devem estar identificadas e localizadas na rota acessível, preferencialmente distribuídas por locais variados do salão. Balcões de atendimento devem permitir a visualização de pessoas de várias alturas, sentadas ou em pé, com espaço suficiente para aproximação de pessoas em cadeira de rodas. No caso dos balcões de autosserviço, muito comuns em restaurantes do tipo self-service, a altura dos mesmos deve ser entre 75 e 85 cm, com apoio para as bandejas, para facilitar que idosos, pessoas com deficiência nos membros superiores, pessoas em cadeiras de roda e também as crianças possam se servir com segurança e autonomia. CUIDADO COM A ILUMINAÇÃO Uma iluminação mais intimista e relaxante é tendência de decoração para bares e restaurantes, pois cria um clima mais aconchegante e torna o visual dos pratos mais atrativo. Porém, tome cuidado com acessos pouco iluminados, pois podem causar acidentes e até mesmo uma sensação de mal-estar nas pessoas com baixa visão. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS ADEQUADAS Manter o cliente dentro do estabelecimento consumindo por mais tempo pode ser uma excelente estratégia para aumentar o ticket médio. Para isso é necessário ter instalações sanitárias acessíveis, que além de atenderem a todos os tipos de pessoas, são mais confortáveis por possuírem mais espaço para movimentação. É importante não se esquecer que banheiros acessíveis também devem ter um trocador para auxiliar as famílias com bebês. MELHORE A SINALIZAÇÃO E A COMUNICAÇÃO A sinalização é um elemento extremamente importante, pois auxilia a todas as pessoas a se orientarem nos ambientes. Normalmente associamos a sinalização com a comunicação visual escrita, porém, considerando que nem todo mundo enxerga com os olhos, é importante que seja previsto sempre mais de uma forma de sinalização. A norma técnica de acessibilidade pede que se utilize pelo menos duas formas associadas. Por exemplo: placas com texto em alto relevo e texto em braile, ou sinalização com texto e sinalização sonora. O importante é que a informação esteja sempre clara e objetiva. E por falar em comunicação, não podemos nos esquecer dos cardápios! Atenção com o tamanho das letras, pois com a idade nossa visão tende a diminuir. Também é importante disponibilizar o cardápio em braile (obrigatório por lei), texto em alto relevo, ou ainda em tablets com aplicativos para cardápio “falado”, pois nem todos os cegos sabem ser braile. Pessoas com deficiência auditiva precisam de um atendimento diferenciado em termos de comunicação. Algumas conseguem ler os lábios do outro, mas para isso acontecer é preciso estar de frente para a pessoa e o outro tem de falar pausadamente. Para o atendimento deste público, seria muito interessante que um dos funcionários possa se comunicar em Libras (Língua Brasileira de Sinais), porém, na falta desta pessoa, papel e caneta e uma boa dose de boa vontade podem ajudar. TREINE SEU PESSOAL A capacitação da equipe de atendimento é de extrema importância para que se possa dar um tratamento igualitário para todas as pessoas. Muitas vezes temos dificuldades em nos colocar na pele do outro e entender que cada um de nós tem as suas necessidades. Porém, com informação e treinamento é possível criar procedimentos sistematizados orientados para o cliente, proporcionando experiências incrivelmente diferenciadas não somente para aqueles clientes que possuem uma deficiência, mas para todas as pessoas. Mais do que simplesmente atender à legislação vigente, uma vez que o Estatuto da Pessoa com Deficiência obriga a existência de acessibilidade ambiental nos locais de uso público e coletivo, ser um estabelecimento inclusivo produz uma imagem extremamente positiva junto ao mercado, agregando valor ao negócio.

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