Arquitetura residencial: a casa após a pandemia
Adquirir um imóvel é um momento muito importante em nossas vidas e representa uma grande conquista. O sonho da casa própria é um grande objetivo para a maior parte dos brasileiros, e investimos tempo e dedicação para escolher o local ideal para chamar de lar. Nos relacionamos fortemente com os espaços que frequentamos, mas é em nossa casa que os sentimentos mais especiais afloram. É, afinal, neste espaço que nos relacionamos com nossos familiares, compartilhamos momentos, histórias e desenvolvemos parte de nossa identidade ao longo da vida. A pandemia da COVID-19 impactou drasticamente todos os setores da sociedade e a nossa relação com os espaços domésticos também foi bastante afetada. Com a necessidade de permanecer em casa, precisamos nos readaptar e também adequar os espaços às nossas mais novas necessidades, como trabalho, por exemplo. Assim, esse ambiente íntimo que estávamos acostumados a habitar passou a ser também o berço de nossa interação com o mundo e as mudanças que vêm ocorrendo neste período parecem ter reflexos duradouros. É o que aponta a pesquisa realizada pela “A Vida no Centro”, que mapeou as principais tendências comportamentais quando o assunto é nossa relação com os espaços privados e urbanos. A pesquisa mostra que uma das principais transformações é que a casa se tornou o centro de nossa vida: é o lugar para morar, trabalhar, se divertir, estudar e se exercitar. Passando mais tempo em casa, redescobrimos os espaços e passamos a realizar atividades de forma diferente. Como aponta a pesquisa, uma das principais mudanças foi a redescoberta do coração da casa: a cozinha. Segundo os dados, 67% dos pesquisados passaram a cozinhar mais em casa, sendo que 7,2% aprenderam a cozinhar justamente neste período. A grande maioria das pessoas, 76%, pretende continuar comendo em casa mesmo com a reabertura dos restaurantes. Para possibilitar o maior conforto e versatilidade do espaço, a cozinha deve ser ampla e versátil, seja como cômodo único ou em conjunto com uma área gourmet. A casa também se tornou o local para atividades físicas, e essa tendência promete permanecer na rotina das pessoas. Mesmo com a retomada das atividades presenciais, os exercícios em casa parecem ser uma ótima alternativa para o ritmo corrido do dia a dia. Neste período a casa se tornou o centro de nossa vida e de todas essas atividades e, por isso, foi e tem sido necessário repensar o “morar”. A consolidação do trabalho remoto, aliado às demais atividades, fez com que fosse preciso repensar o espaço doméstico a partir dos usos que seriam necessários. Os espaços acolhedores agora, mais do que nunca, também precisam ser funcionais, para permitir que executemos estas diversas atividades no cotidiano. Como indica a pesquisa, a experiência de trabalhar em casa foi percebida como positiva por trabalhadores e empresas e é esperado que essa seja uma realidade também para o período pós-pandemia, com a adoção do modelo híbrido, ou seja, alguns dias de trabalho remoto e outros de trabalho presencial. Este cenário nos fez perceber cada vez mais a importância de, ao escolher o espaço que servirá como nossa morada, deve ser possível adaptá-lo às necessidades que surgirão em nossas vidas. Assim como não pudemos prever a pandemia e tivemos que repensar nosso espaço residencial, não podemos prever o que irá ocorrer. Por isso, residências com plantas arquitetônicas adaptáveis são essenciais para permitir que tenhamos espaços cada vez mais amigáveis ao longo da vida. Já abordamos em outros materiais aqui no blog como é mais fácil e barato construir um projeto arquitetônico acessível do zero do que realizar futuras intervenções ao longo do tempo. Projetos inclusivos são pensados a partir das pessoas e dos possíveis usos que farão dos espaços; com a orientação de arquitetos especializados, é possível unir design e funcionalidade, construindo espaços acessíveis e duradouros para todas as pessoas. Para que isso seja possível, o arquiteto ou arquiteta especializado em arquitetura inclusiva considera, desde o início do planejamento, todas as pessoas que irão fazer parte do dia a dia daquele ambiente. Inclui, em seu processo, quais serão os usos comuns e possíveis desafios que enfrentarão ao longo da vida pois, ao projetar espaços a partir do conceito de desenho universal, estes espaços podem permanecer funcionais por muitos anos, com a garantia de conforto, bem-estar e qualidade de vida, além de uma considerável economia financeira. Design e funcionalidade não são termos antagônicos, muito pelo contrário! Após a compreensão de todas as características que são necessárias para que o imóvel se torne o ideal para todos os moradores, o profissional de arquitetura combina estas funcionalidades aos recursos de design, tornando os espaços com o estilo e gosto pessoal do cliente. Afinal, as relações que estabelecemos com os espaços são únicas, e a casa precisa expressar a vida e ser reflexo de todos que nela residem. O isolamento social nos fez ver o mundo de outras formas. A casa, que para muitos era apenas um lugar para recarregar as energias para viver a vida do lado de fora, se mostrou como potência para que todas as atividades aconteçam. Nos últimos meses, houve um aumento da procura por casas em relação a apartamentos, e quem buscava especificamente por apartamentos preferia imóveis maiores, com varanda, com amplo espaço de circulação e vista desimpedida. Estamos nos relacionando de formas diferentes com os espaços. E você, como vê sua casa após a pandemia?