Aprendizados da pandemia: o surgimento de um novo consumidor
Acho que uma das perguntas que todos nós temos feito nos últimos tempos é como será quando tudo voltar ao normal? Mas será que aquilo que conhecemos como normal ainda existe, depois de tudo o que vivemos nos últimos meses? Ter de se isolar em casa e evitar o contato social com outras pessoas, algo que nos é tão caro e tão fundamental, apesar de doloroso, nos revelou uma série de outras coisas que a partir de agora, com ou sem pandemia, passam a fazer sentido em nossas vidas. Nossa relação com o mundo foi profundamente alterada pelo nosso instinto de sobrevivência e proteção daqueles que amamos: a nossa relação com a nossa casa, nosso trabalho e a forma como consumimos mudou e mesmo quando a tão sonhada vacina chegar, já não seremos os mesmos de outrora. A pandemia acelerou a tendência do comércio eletrônico, algo que já vinha entrando vagarosamente em nossas vidas. De repente, por algum tempo parecia a única alternativa viável para se comprar de tudo, e de uma hora para outra, todos aprendemos a comprar pelo celular. Nossas relações familiares também passaram a ser mediadas pela tela do celular e nossos encontros dominicais passaram a acontecer por vídeo-chamada. Passamos a consumir shows e espetáculos culturais através das Lives e a participar de festivais gastronômicos promovidos pelos restaurantes nas redes sociais. O trabalho dos entregadores nunca foi tão necessário e valorizado. E o que dizer dos milhares de brasileiros que passaram a trabalhar de suas casas? Pesquisas indicam que 7 entre 10 pessoas que hoje trabalham em regime de home-office gostariam de permanecer neste sistema, mesmo quando a pandemia acabar. É fato que são muitas as dificuldades e desafios do trabalho em casa, mas também há muitas vantagens neste estilo de vida. Então, já não faz mais sentido achar que tudo será como antes. Precisamos entender que algumas coisas que entraram em nossas vidas por causa da pandemia vão permanecer, mesmo quando tudo isso passar: já somos pessoas diferentes, com hábitos de consumo alterados e com nossas relações sociais totalmente modificadas por estes novos hábitos de vida. O comércio, o turismo e os negócios de entretenimento, de uma forma geral, terão de se adaptar a este novo consumidor se quiserem sobreviver. A arquitetura também deverá se adaptar, pois novos estilos de vida estão surgindo a partir dessa experiência que estamos vivendo e os ambientes terão novas configurações para atender a novas necessidades. Bares, restaurantes, lojas, cinemas, shoppings e casas de espetáculo tem um grande desafio pela frente: precisarão entender esse novo cliente para encontrar as estratégias certas para atendê-lo. As pessoas estão ávidas por retomar o contato social, voltar às ruas para consumir e viver experiências que tragam felicidade e prazer, e acima de tudo, celebrar a vida. Porém, esse consumidor já não é mais o mesmo que conhecíamos no início de 2020. E você, está preparado para enfrentar esse novo cenário?