Nos últimos dois anos vimos o mundo mudar: a pandemia nos obrigou a rever nossa forma de vida e nos readaptar a esta realidade. Podemos ver fortes reflexos destas mudanças em nossas vidas pessoais, nas relações com os espaços e também em nossos hábitos de consumo. Nossas relações familiares foram reestruturadas, com todos o tempo todo dentro de casa; os sentimentos de proteção e cuidado com aqueles que amamos têm sido fortes presenças em nosso cotidiano.
A pandemia ampliou ainda mais a nossa velocidade de conexão e, por conta do isolamento social, potencializou os índices de contágio emocional digital – quando nos relacionamos e replicamos os sentimentos de quem está próximo.
Também acelerou drasticamente o processo de digitalização das empresas, impulsionando o comércio eletrônico e também o consumo digital: lives, shows, espetáculos, fazendo com que todos os setores, inclusive o setor artístico e cultural, se adaptassem a este que parecia ser o único espaço possível.
Dentre essas mudanças comportamentais, o trabalho remoto se fez muito presente e parece ser uma tendência até mesmo após o fim do período de isolamento, com o modelo híbrido. A casa, antes espaço de descanso, ao longo dos últimos meses passou também a ser um espaço funcional, abarcando escritórios e estações de trabalho para permitir que executemos estas diversas atividades no cotidiano.
Esta nova realidade nos revelou uma série de outras coisas que a partir de agora, com ou sem pandemia, passam a fazer sentido em nossas vidas. As mudanças foram tantas, em tantos aspectos de nossas vidas que, mesmo após o fim deste período, provavelmente não seremos os mesmo de antes.
Cada um de nós sentiu e sente estas transformações de formas diferentes, mas há tendências que se apresentam de forma mais ampla no cenário mundial. Enquanto consumidores, percebemos como nossa forma de ver o mundo afeta nossas escolhas. Como empresários e empreendedores, devemos estar atentos aos padrões de comportamento para oferecer ao público experiências alinhadas às suas expectativas.
A WGSN realizou uma pesquisa de tendência para mapear o perfil do consumidor mundial para o ano de 2022. Este relatório auxilia os profissionais do varejo, empresas e marcas de todos os segmentos, a compreender seus públicos e se adaptar a esta nova realidade que exige muita flexibilidade, resiliência, conhecimento e criatividade.
A pesquisa aponta que um dos fatores mais relevantes para nosso comportamento futuro, além das questões de saúde, economia e empregabilidade, é a conexão em todos os aspectos. Aparelhos cada vez mais conectados em redes cada vez mais rápidas irão proporcionar consumidores mais ligados uns aos outros e transmitindo sentimentos rapidamente em escala global.
Estes últimos meses têm feito com que pensemos e sintamos em muitos aspectos e com a ampliação de nossas conexões, também transmitimos de forma muito mais ampla estes sentimentos. Por isso, a WGSN mapeou os principais sentimentos dos consumidores para 2022.
O primeiro dos principais sentimentos é o medo. De acordo com as pesquisas realizadas pela WGSN, o medo foi um sentimento comum em todas as análises regionais e está presente nas mais diversas faixas etárias. Inseguranças em relação à incerteza econômica, desafios políticos, saúde e a preocupação com as consequências geradas pelo aquecimento global são constantes para os consumidores.
Resiliência é outro dos sentimentos mais presentes e mais buscados pelos consumidores. A capacidade de resistir, absorver, se recuperar e se adaptar à adversidade ou à mudança está rapidamente se transformando em uma prioridade emocional. No entanto, a reflexão apontada pelo estudo indica: há uma tendência pouco saudável por uma “perseverança” a todo curso, quase como um troféu e não como uma habilidade emocional a ser cultivada. Por isso, o relatório aponta que a reflexão crítica acerca dos desafios a serem superados é a ênfase que se revela como tendência para os consumidores do próximo ano.
Por outro lado, há um otimismo muito forte em relação ao futuro: enxergamos o mundo de outras formas e passamos a ver, nele, novas possibilidades.
O consumidor de 2022 também terá outra característica muito marcante: a dessincronização social, com cada um fazendo suas atividades em períodos distintos e seguindo seu próprio ritmo. Este aspecto foi potencializado pelos avanços tecnológicos, que nos permitiram maior comodidade e também flexibilizaram aspectos relacionados à produtividade. Estas mudanças redefiniram a vida urbana das cidades, já que, por exemplo, a jornada de trabalho tradicional está em desuso em diversos centros urbanos e as pessoas cumprem seus horários de forma mais distribuída. Pela escassez dos momentos síncronos, isto é, compartilhados ao mesmo tempo, há uma tendência de o consumidor valorizar cada vez mais espaços que ofereçam experiências únicas e envolventes.
Mas o que os consumidores esperam das marcas e empresas em um futuro próximo?
A partir deste cenário geral, os resultados demonstram que há 3 grandes perfis de consumidores, cada um com realidades, expectativas e hábitos de consumo diferentes.
O primeiro grupo é o Comunitário, um grupo com estilo de vida agitado, que busca o equilíbrio entre a carreira e a vida social. São solidários, conscientes e focados na carreira e possuem interesse em marcas que valorizem as questões sociais, principalmente as pessoas e a realidade de suas comunidades.
O segundo grupo é dos Estabilizadores. Este perfil geralmente está imerso na rotina de trabalho, com sobrecargas e altas pressões. No entanto, são conscientes destas situações e buscam formas de combatê-las. Querem tranquilidade de não ter opções em excesso e buscam produtos e serviços que forneçam experiências agradáveis, que os façam sentir bem e confortáveis.
Os Novos otimistas são o terceiro grande grupo. São aventureiros e buscam defender os valores em que acreditam. Assim, buscam marcas que se adequem a seus conceitos e que proporcionem boas experiências, que possam ser compartilhadas e celebradas com seus pares. Suas principais prioridades são a inclusão e a conectividade, e buscam produtos e serviços que também valorizem estes aspectos.
De forma geral, o consumidor em 2022 irá prezar ainda mais pela valorização das pessoas e comunidades, por marcas que valorizem a inclusão e a conexão entre as pessoas e que forneçam experiências agradáveis, imersivas e acolhedoras.
A pesquisa mostrou pontos importantes sobre como vemos o mundo ao nosso redor e, principalmente, o que buscamos no momento de consumir. Nos últimos meses tudo mudou e é preciso traçar novas metas e reorganizar os planos, tanto individualmente quanto na gestão dos negócios. O comércio, o turismo e todos os negócios, de uma forma geral, terão de se adaptar a este novo perfil de consumidor.
Em um período onde a conexão entre as pessoas parece estar voltando ao centro das discussões, a arquitetura inclusiva representa uma ótica para repensar os espaços bastante conectada às expectativas do consumidor, configurando os ambientes de forma mais próxima às nossas novas necessidades.
É um novo cenário que está cada vez mais próximo. E você, está preparado(a) para atender ao consumidor do futuro?