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Inclusão estratégica: Como trazer acessibilidade para espaços comerciais sem precisar fazer reformas estruturais

Vivemos no sexto país mais populoso do mundo e, de acordo com o Censo 2010, quase 46 milhões de brasileiros, ou seja, cerca de 24% da população, declarou ter algum grau de dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), ou possuir deficiência mental ou intelectual. Além disso, a expectativa de vida da população brasileira aumentou devido a melhoria nas condições de saúde, saneamento e educação, que foram impulsionadas pela urbanização. De acordo com relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde, até 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos no mundo vai duplicar. E, no Brasil, este número será ainda mais expressivo, sendo triplicado. Estaremos entre as maiores taxas de população idosa do planeta. Portanto, com números tão expressivos de brasileiros e brasileiras com algum tipo de deficiência ou em condição de mobilidade reduzida, há a necessidade de se planejar espaços acessíveis e inclusivos para todos os cidadãos. Pensar em ambientes comerciais acessíveis é levar em consideração a experiência do consumidor, uma ótima estratégia de diferenciação no mercado e também uma forma de atender a um público ainda mais amplo, que muitas vezes não encontra soluções adequadas para uma experiência de consumo minimamente satisfatória. Ao falar de arquitetura acessível, muitas pessoas pensam se tratar de grandes transformações e projetos altamente dispendiosos. No entanto, há diversas medidas simples que podem auxiliar na autonomia e independência pessoal, facilitando o acesso aos lugares sem que sejam necessárias grandes reformas. Há também lugares onde a aplicação de soluções de acessibilidade é dificultada ou impedida por causa das características estruturais dos edifícios existentes, indisponibilidade de espaço suficiente, ou ainda questões relacionadas à topografia ou condições de acesso. Nestes casos, deve-se implantar as soluções de acessibilidade no grau máximo possível, com o objetivo de dar condições de acesso e atendimento para o maior público possível, afinal, ter acessibilidade mesmo que parcial é melhor do que não ter nenhuma acessibilidade. Qualquer estabelecimento pode e deve utilizar estratégias que tornem seus espaços mais acessíveis, permitindo que fiquem disponíveis e funcionais para todas as pessoas, independentemente de suas características físicas, motoras ou sensoriais. A seguir, apresentamos várias sugestões de pequenas modificações que podem fazer grande diferença no acesso e utilização dos ambientes.  Pisos antiderrapantes para minimizar riscos de acidentes O uso de pisos antiderrapantes é recomendado para a prevenção de acidentes. Em ambientes de alto tráfego, como comércios, por exemplo, este tipo de piso auxilia no caminhar de idosos e pessoas com mobilidade reduzida, pois é feito de materiais com maior aderência ao solado dos sapatos e fornecem mais segurança. Existem diversos tipos de pisos e materiais que podem ser utilizados e esta escolha deve ser feita de acordo com o ambiente a que se destinam, seja ele interno ou externo. Deve-se atentar, também, para a forma com que os acabamentos são aplicados: os pisos devem ser sempre contínuos, firmes e regulares. Evite acabamentos que produzam superfícies irregulares, tapetes e capachos que não estejam aderidos ou embutidos ao chão, pois dificultam o deslocamento das pessoas. Sinalização dos espaços A sinalização dos espaços é outro elemento muito importante para torná-los mais acessíveis sem a necessidade de grandes reformas. Como meio de comunicação, a sinalização deve ser pensada de forma que a mensagem seja apreendida pelo maior número possível de pessoas, levando-se em conta que cada um se comunica e compreende as informações de forma diferente. Para isto, é preciso que seja percebida por pelo menos dois sentidos humanos diferentes: visual e sonora ou visual e tátil.  Como exemplo, citamos as placas de sinalização com textos em alto relevo e braile, abarcando os sentidos visual e tátil. Placas de sinalização com textos em alto relevo e áudio também são um exemplo, que engloba os aspectos visuais, táteis e sonoros.  O piso tátil também é um tipo de sinalização e deve ser aplicado nos pisos em áreas externas, onde não há paredes que auxiliem na orientação espacial de pessoas com deficiência visual. Devem ser sempre em cor forte e contrastante com a cor do piso adjacente. Quanto às especificidades da comunicação visual, é importante utilizar sempre letras em tamanhos maiores e um contraste adequado entre as cores do fundo e da letra. Mobiliário adequado e amplo espaço de circulação Inúmeras são as possibilidades para pensar o mobiliário de estabelecimentos mais inclusivos. Uma dica é pensar os balcões de atendimento com altura adequada para atendimento de pessoas sentadas ou em pé.   Outra ótima dica é disponibilizar bancos ou áreas para descanso de pessoas com mobilidade reduzida, pois, além de demonstrar carinho e consideração com o cliente, pode ser uma estratégia inteligente para mantê-lo em seu estabelecimento e, consequentemente, consumindo por mais tempo. Também é importante pensar em espaços amplos e que possibilitem às pessoas circularem com segurança entre gôndolas e expositores, pois, além de aprimorar a experiência do cliente, ele sente-se muito mais confortável ao fazer suas compras. Além disso, pessoas em cadeiras de rodas, com carrinhos de bebê ou andadores necessitam de espaços maiores para circular. Pensar nos detalhes Pequenos detalhes têm grandes impactos para tornar o acesso aos espaços mais facilitado. Mesmo que o banheiro do estabelecimento não tenha espaço suficiente para ser totalmente acessível, você pode instalar barras de apoio para auxiliar às pessoas com mobilidade reduzida, como os idosos, por exemplo. Outra recomendação é utilizar maçanetas das portas, pias e lavatórios no formato de alavanca, para facilitar seu acionamento. Você pode, também, instalar corrimãos em corredores para que os sêniores, ou pessoas com pouco equilíbrio possam se apoiar e circular de forma mais confortável. Estas sugestões mostram que é possível tornar os ambientes comerciais mais acessíveis sem realizar grandes reformas estruturais e, dessa forma, garantir uma experiência ainda mais agradável para um maior número de consumidores. Cada vez mais as empresas buscam soluções inovadoras, e investir em acessibilidade é uma ótima maneira de atingir o sucesso e ser lembrado como uma referência na sua área de atuação. Nós, do Studio Universalis, acreditamos que, além de uma estratégia de

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Appunto Arquitetura para Studio Universalis: Um processo transitório rumo a acessibilidade e inclusão social através da Arquitetura

Projetar espaços é muito mais do que apenas escolher onde as janelas ou paredes vão ser colocadas, é pensar nas formas com as quais o ser humano irá interagir e se relacionar com os ambientes e indivíduos naquele lugar. Eu sempre acreditei que a arquitetura precisava ser mais do que a parte estética ou funcional, ela precisava fazer parte da vida das pessoas, mas de uma maneira coadjuvante para que o ser humano brilhe no centro. No início de 2011 tomei a decisão de empreender meu primeiro escritório de arquitetura, a Appunto Arquitetura e Design, com a premissa de criar projetos que atendessem a necessidade de todas as pessoas, independentemente de suas características físicas, motoras ou sensoriais. Porém, naquela época o mercado ainda via a acessibilidade e inclusão como algo muito engessado na ideia das exceções, como se fosse algo para atender apenas pessoas com algum tipo de deficiência. Ao longo dos últimos 10 anos desenvolvemos inúmeros projetos de centros comerciais, estabelecimentos de saúde, industriais e residenciais. No entanto, sempre senti muito desconforto e insatisfação por conta de a Appunto nunca ter sido reconhecida como uma empresa orientada para projetos de acessibilidade ambiental e arquitetura inclusiva. Por conta disto, no ano de 2018, após quase uma década atuando diretamente como arquiteta em projetos de todos os tipos através da Appunto, com o objetivo de transformar a acessibilidade em um diferencial da empresa, tomei a decisão de ir atrás de grupos de networking formados por empresários de várias áreas de atuação, que me ajudaram a perceber que para atingir o meu propósito era necessário repensar não apenas o posicionamento da empresa, como o meu próprio enquanto arquiteta. Em fevereiro de 2019, a ideia por trás do Studio Universalis começou a ser elaborada, partindo do entendimento de que a acessibilidade deve ser pensada para todos, e que para isso, seria necessário ajudar às pessoas a compreenderem como seus benefícios impactam positivamente na qualidade de vida de todos nós, individualmente e como sociedade. Ao longo daquele ano desenvolvi diversas estratégias para posicionar o Studio Universalis na mente das pessoas como uma empresa que trata a acessibilidade como um ponto central dos projetos, culminando com o lançamento oficial da nova empresa, no evento de networking Business Club Conexões Inteligentes. Nos últimos dois anos, os dois escritórios coexistiram atendendo diversos tipos de projetos de arquitetura, porém para seguir em frente foi necessário tirar de cena a Appunto Arquitetura e Design para que o Studio Universalis possa se desenvolver plenamente A pandemia pela qual passamos trouxe inúmeros desafios para superarmos, porém as oportunidades nunca estiveram tão abundantes para uma sociedade que pensa a inclusão e a acessibilidade para todas as pessoas como um diferencial competitivo para o crescimento sustentável no longo prazo. Eu sempre tive muita clareza de que para tornarmos o mundo um lugar melhor para as próximas gerações é fundamental oportunizarmos condições equiparadas para que todas as pessoas possam exercer seus papéis na sociedade de forma digna, humana e diversa. E eu enquanto profissional da Arquitetura não poderia deixar de fazer parte deste movimento transformador porque a inclusão e acessibilidade não apenas tornam a vida das pessoas mais fácil como também permitem que os negócios prosperem e sejam ainda mais rentáveis e lucrativos.

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A importância da arquitetura no envelhecimento do Brasil

A população brasileira caminha para a terceira idade, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) daqui a 20 anos o Brasil vai ter mais idosos do que crianças. Esse fato altera o modo de consumo do brasileiro, inclusive para o setor imobiliário. O IGP-M, principal indicador de reajustes do setor imobiliário, acumulou alta de 25,71% no início deste ano, o maior percentual desde 2003. Isso implica em um aumento significativo para a população que mora de aluguel. Aliado a isso, em 2020 o Banco Central anunciou redução da taxa de juros Selic possibilitando o financiamento mais barato de imóveis para a população. Esse cenário favorece as construtoras, pois, do ponto de vista financeiro, hoje é melhor comprar um apartamento do que alugar. O prazo de financiamento é algo relativo e varia de acordo com o imóvel e perfil do cliente, mas as taxas mais baixas tornam as prestações menores e isso faz com que financiar em longos períodos seja uma opção mais atrativa do que o aluguel. Portanto, o mercado está favorável para as construtoras, pois o “sonho da casa própria” tornou-se mais acessível com a diminuição dos juros. Ao adquirir um apartamento financiado por um longo período de tempo, o comprador provavelmente irá morar naquele lugar durante a sua vida inteira. Por esse motivo, construtoras que utilizam a acessibilidade como diferencial competitivo em suas estratégias de venda se destacam da concorrência, pois asseguram ao cliente que o imóvel adquirido por ele vai suprir suas necessidades ao longo de sua vida. Para que um empreendimento contemple a acessibilidade como diferencial ele precisa cumprir alguns requisitos básicos como: A entrada do prédio deve ser de fácil acesso a partir da rua, livre de quaisquer tipos de obstáculos que dificultem ou impeçam o acesso seguro e livre de todas as pessoas, principalmente os idosos. O estacionamento deve ser espaçoso e possuir vagas mais largas para a movimentação dos idosos. Deve também possuir vagas reservadas a pessoas com deficiência próximas a portas e elevadores, para diminuir a distância de deslocamento. As áreas de convivência do prédio devem ser pensadas para a interação de pessoas de todas as faixas etárias, e para isso o local deve ser de fácil acesso, possuir corrimão, sinalização tátil e em braile onde necessário, piso antiderrapante. Para os edifícios que não possuem áreas de lazer ou convívio, é desejável a existência de sanitários acessíveis na área de uso comum. Quanto a parte interna do apartamento é necessário observar que a vivência em um lar muda ao longo dos anos. Famílias com filhos tendem a se modificar quando os filhos saem de casa e os pais passam a viver apenas com animais de estimação e, eventualmente, recebendo visitas de amigos e familiares. Por esta razão, o interior do apartamento deve se adequar a cada estágio do ciclo de vida dos moradores adotando soluções como: Plantas adaptáveis que possibilitem reformas para a ampliação ou redução dos ambientes, de forma a transformar um apartamento mais compartimentado em um imóvel com cômodos mais amplos e acessíveis ou vice-versa. Essas alterações podem facilitadas quando o edifício é construído utilizando-se um sistema construtivo no qual as paredes podem ser removidas ou deslocadas, sem a necessidade de reforços estruturais, tornando as reformas simples, descomplicadas e mais baratas. Os corredores precisam ser largos o suficiente para possibilitarem a manobra de cadeiras de rodas, bem como as portas, que precisam ter vão de passagem de 80cm e área suficiente para para que pessoas em cadeiras de rodas alcancem facilmente as. As maçanetas, por sua vez, devem ser preferencialmente do tipo alavanca pela praticidade e facilidade de uso. Os utensílios de cozinha e área de serviço (pia, tanque, eletrodomésticos, etc) devem ter espaço para aproximação e utilização tanto para pessoas que os utilizarem em pé quanto para pessoas sentadas. As Instalações sanitárias devem ter dimensões suficientes para o uso com autonomia ou assistido de pessoas em cadeiras de rodas ou que utilizem outros equipamentos de tecnologia assistiva, como andadores, por exemplo. As instalações hidráulicas flexíveis também possibilitam que pias e tanques com alturas diferentes das convencionais sejam utilizadas para atender a pessoas que os utilizam sentadas. As tecnologias para automação residencial como sensores para abertura automática de portas, acionamento de iluminação, cortinas, eletroeletrônicos são grandes aliadas para pessoas de todas as idades, pois tornam a experiência mais acessível e agradável. Além disso, os serviços de assistência remota ou compartilhada também são interessantes, visto que os adultos de hoje, que possuem afinidade com tecnologias inteligentes, em alguns anos farão parte da população com idade acima de 60 anos. Ao considerarmos todos estes aspectos é possível concluir que investir em acessibilidade arquitetônica é mais do que uma necessidade, é também uma excelente estratégia de negócios porque as construtoras que hoje dedicarem seus esforços para atender a necessidade dos clientes ao longo da vida, serão certamente mais bem sucedidas. Se você trabalha no segmento de construção civil e tem interesse em saber como implementar estas soluções em seus empreendimentos, agende uma reunião com nossa especialista Angélica Picceli pelo e-mail contato@studiouniversalis.com.br ou pelo telefone (31) 98797-2392. Aguardamos seu contato!

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Acessibilidade nas escolas: o que fazer para não deixar nenhum aluno de fora

Uma verdade que todos concordam: o futuro do nosso país depende da educação. Apostar em uma educação de qualidade, voltada para o desenvolvimento cultural, técnico, social e humano das pessoas é a chave para um futuro melhor e para um país promissor, que cuida dos seus cidadãos. E nosso país está precisando desesperadamente e urgentemente dessa educação. Uma educação que nos alimente com senso crítico, senso de coletividade, senso de pertencimento e que nos possibilite crescimento pessoal, que ofereça a nossas crianças, jovens e adultos a oportunidade de um presente e um futuro brilhante e feliz. Mas para que esta tão sonhada educação seja possível, a escola precisa ser capaz de receber a todas as pessoas. Ninguém pode ficar de fora. Afinal, antes mesmo de se constituir em uma grande esperança para o nosso país, a educação é um direito fundamental de todos nós. O direito à educação para todas as pessoas vai muito além de professores capacitados, métodos e materiais didáticos adequados e eficientes. É necessário, antes de qualquer coisa, que as pessoas (estudantes e profissionais da educação) possam chegar e permanecer nas escolas – acessibilidade ambiental é fundamental. A acessibilidade dos espaços promove a convivência social, o aprendizado e o desenvolvimento de pessoas com diferentes características físicas, motoras, sensoriais e intelectuais de forma harmoniosa e equiparada em um mesmo ambiente, contribuindo para a derrubada de preconceitos e a percepção de que as nossas diferenças são o nosso maior tesouro. São as nossas diferenças que nos fazem tão especiais enquanto indivíduos e enquanto sociedade. Já está comprovado que grupos com grande diversidade tem maior capacidade para encontrar soluções para seus problemas, inovar e empreender. Por isso é tão importante que as escolas sejam acessíveis e estejam preparadas para a inclusão de todas as pessoas. E para ajudar aos gestores das escolas a compreenderem o que é necessário para se ter ambientes escolares acessíveis, descrevo abaixo sete pontos que devem ser observados: 1 – Entradas e acessos: Para a chegada e entrada dos professores, estudantes e funcionários é preciso que o percurso entre a calçada e áreas de embarque e desembarque estejam livres de quaisquer tipos de barreiras (tais como degraus, por exemplo), que impeçam o deslocamento fácil e seguro de todas as pessoas. As áreas de embarque e desembarque devem possuir vagas de estacionamento acessíveis reservadas para pessoas com deficiência, para facilitar a chegada e a entrada das pessoas com maior dificuldade de mobilidade. É importante que este percurso livre de barreiras que parte da calçada leve as pessoas por todas as áreas da escola: salas de aula, áreas de prática esportiva, bibliotecas, laboratórios, áreas administrativas, auditórios, cantinas, refeitórios, entre outras. Este percurso se chama rota acessível. 2 – Salas de aula e laboratórios As salas de aula e laboratórios devem ter portas com vão de passagem mínimo de 80 cm e é importante que os corredores entre as mesas e carteiras tenham espaço suficiente para que estudantes em cadeiras de rodas possam se aproximar, se movimentar e utilizar o mobiliário (Figura 1). Aliás, este também é um ponto muito importante: as carteiras universitárias, muito utilizadas em várias escolas, não são acessíveis para todas as pessoas. É necessário que as escolas tenham mesas reguláveis, que se adaptem facilmente à vários tipos de necessidades. Bancadas fixas em laboratórios precisam ter espaço inferior livre para que as pessoas em cadeiras de rodas possam acomodar suas pernas sob elas e altura adequada para trabalho sentado. As lousas ou quadros brancos devem estar fixadas nas paredes em uma altura que seja boa para as crianças e para adultos com baixa estatura, sendo a altura máxima de 90 cm do piso (Figura 2). 3 – Quadras, piscinas e equipamentos esportivos O percurso até as áreas de prática esportiva deve ser livre de barreiras arquitetônicas, permitindo que todos os estudantes cheguem a até lá para a prática de esportes. Caso a escola possua modalidade esportiva que utilize cadeiras do tipo cambada (Figura 3), as portas existentes na rota acessível devem ter medida mínima de 1,00 metro de largura, incluso as portas dos vestiários e instalações sanitárias. As arquibancadas e áreas de plateia, além de estarem na rota acessível, devem possuir espaço reservado para pessoa em cadeira de rodas. 4 – Instalações sanitárias e vestiários Deve haver vestiários e sanitários acessíveis em todos os pavimentos das escolas, sendo que 5% do número total de peças sanitárias devem atender à norma de acessibilidade. É recomendável que haja instalações sanitárias e vestiários acessíveis masculinas e femininas nas escolas com entrada independente, do tipo família, possibilitando a assistência de terceiros, caso necessário. 5 – Bibliotecas Nas bibliotecas, além dos corredores amplos, é interessante que se utilize estantes baixas para que os livros fiquem acessíveis a pessoas sentadas ou em pé, com as mais variadas estaturas. Na impossibilidade de se utilizar estantes baixas, pode-se disponibilizar colaboradores para assistência aos usuários. 6 – Cantinas e refeitórios Para que os balcões de atendimento nas cantinas sejam acessíveis devem ter altura máxima de 85 cm do piso, possibilitando que pessoas em cadeira de rodas, pessoas de baixa estatura e crianças veja o atendente e também sejam vistos. As vitrines também devem estar em altura acessível aos olhos deste público (Figura 4). 7 – Comunicação e sinalização A sinalização dos espaços e comunicação dentro das escolas é outro ponto de suma importância. Ela deve estar presente obrigatoriamente na rota acessível e em toda a escola. Seu papel é auxiliar na orientação espacial e localização das pessoas. A sinalização para orientação e localização deve ser feita com piso tátil, placas de sinalização visual com textos e figuras em alto relevo e braile, e também sinalização sonora. Deve-se sempre combinar pelo menos dois tipos diferentes de sinalização de forma que a comunicação seja feita através de dois sentidos – visual e tátil ou visual e sonoro. A aplicação dos pisos táteis deve ser planejada com o auxílio de um arquiteto, pois não é recomendada para todos os ambientes internos nas edificações. Além disso, há uma

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Acessibilidade e Inclusão em condomínios residenciais: o que os síndicos precisam saber

Imagine que você sofra um acidente e passe a utilizar muletas ou cadeira de rodas temporária ou permanentemente, o prédio onde você mora está preparado para te receber?  E quando chegarmos à velhice e a perda dos movimentos for uma realidade (algo natural, que acontece com todo mundo), o condomínio onde moramos está pronto para nos oferecer a qualidade de vida e a segurança que os idosos precisam para continuar a viver com autonomia e aproveitar da melhor maneira a sua longevidade? Ao contrário do que muitos pensam, acessibilidade vai muito além de uma obrigação legal. É uma questão prática e serve para todas as pessoas. Em algum momento da vida todos nós precisaremos dela. Nos condomínios residenciais esta questão tem sido cada vez mais abordada, seja por exigência da lei, ou porque as pessoas passaram a ter consciência dos seus direitos e dos benefícios que os espaços acessíveis trazem. E para ajudar a compreender o assunto, separei algumas informações importantes para serem usadas nas assembleias de moradores e discutir o assunto com tranquilidade. Por que o lugar onde moro precisa ser acessível? A principal resposta para esta pergunta é: a acessibilidade, além de garantir o direito de todas as pessoas de ir e vir livremente (direito este garantido pela Constituição Federal), proporciona maior autonomia e inclusão para as pessoas no uso dos espaços durante as atividades do dia a dia e melhor qualidade de vida para todos. Temos de lembrar que além dos moradores, a acessibilidade também beneficia os visitantes do condomínio, afinal, inúmeras famílias possuem os pais, tios e amigos idosos e é muito bom ter a presença dessas pessoas em nossas casas, não é mesmo? Outro motivo importante é porque a acessibilidade é lei em nosso país, desde 2004 quando foi promulgado o Decreto Federal 5296/2004. O que diz a lei? O Decreto Federal 5296/2004 instituiu a obrigatoriedade de acessibilidade nas edificações e nos espaços urbanos. Depois deste decreto, outras leis vieram complementar e reforçar a obrigatoriedade da existência de acessibilidade, como a Lei Federal 13.146/2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas com Deficiência. De maneira geral, os condomínios devem possuir acesso livre de barreiras para todas as pessoas, a partir da rua e em todas as áreas de uso comum. A ausência de acessibilidade pode levar a processos judiciais e multas. Mais recentemente a acessibilidade também passou a ser obrigatória nas unidades residenciais: com o Decreto 9451/2018, que regulamentou o Artigo 58º da Lei Brasileira de Inclusão, os edifícios residenciais construídos a partir da data de promulgação da lei devem ter, além da acessibilidade nas áreas de uso comuns, apartamentos acessíveis ou adaptáveis para que sejam futuramente acessíveis. Além das leis federais, muitos municípios possuem legislação específica sobre o tema, reforçando a importância e a necessidade de ações para a implantação da acessibilidade, tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. O que deve ser observado para ter acessibilidade nos condomínios? O objetivo geral é que as pessoas possam chegar aos lugares, entrar, circular e utilizar todos os ambientes com segurança e autonomia. Então, essa jornada começa na calçada. A rota que as pessoas fazem a partir da calçada até as áreas internas do condomínio precisa ser livre de degraus ou outros tipos de obstáculos. Os corredores e portas precisam ter largura adequada. É preciso também garantir espaço suficiente para que as pessoas se aproximem e utilizem os ambientes, todas as facilidades existentes, incluindo o mobiliário do local. Banheiros, cozinhas, salões de festa e equipamentos de lazer tais como saunas, piscinas, quadras e playgrounds também devem ter acessibilidade. Os corredores que levam até os apartamentos também devem ter largura adequada, bem como a área de aproximação necessária junto às portas. Também é importante sinalizarmos os espaços e utilizar comunicação tátil de piso, placas de identificação e localização dos espaços com texto e figuras em alto relevo e em braile. Afinal, a acessibilidade também precisa ser pensada para as pessoas com deficiência visual. Não se esqueçam das garagens e áreas de embarque e desembarque. É muito importante ter vagas reservadas para a acessibilidade de pessoas com deficiência e idosos, demarcadas e sinalizadas, lembrando que no caso da vaga reservada para pessoa com deficiência é necessário que haja uma faixa lateral livre para acesso ao veículo estacionado.  Como referência para as ações de acessibilidade, a legislação estabeleceu a Norma Técnica Brasileira NBR-9050/2020. Nela encontramos os parâmetros mínimos para ter acessos e ambientes acessíveis e adequados para todas as pessoas. Meu condomínio é antigo. O que fazer? Prédios antigos não estão livres de implantar acessibilidade no grau máximo possível.  Obviamente que neste caso pode haver limites para a reforma em função da estrutura já existente, de forma que tecnicamente não se consiga ter ambientes plenamente acessíveis, mas isso não é desculpa para não adequar tudo o que for possível. Nestes casos é importante consultar um arquiteto ou engenheiro para entender o que pode ser feito. E os condomínios novos, como são? Os condomínios mais novos já devem ter a acessibilidade prevista na infraestrutura das áreas de uso comum. Assim, deve-se cuidar para que a acessibilidade seja mantida nestes espaços, evitando-se que estas áreas sejam ocupadas com obstáculos diversos, que possam prejudicar a livre circulação das pessoas. Acessibilidade atitudinal: estimular boas práticas de inclusão pode ajudar na conscientização de todos Uma boa estratégia para a implantação da acessibilidade nos condomínios é começar pelo estímulo a práticas de inclusão. Estas práticas envolvem a conscientização sobre o que é acessibilidade, para que serve e um profundo exercício de empatia, onde as pessoas são convidadas e estimuladas a olhar para seus vizinhos, amigos e familiares e, a partir do conhecimento mútuo, estabelecer atitudes e procedimentos que melhorem a acessibilidade, a autonomia e a qualidade de vida dos moradores, enquanto a acessibilidade física dos ambientes não está implantada. A partir desta estratégia os síndicos certamente terão mais facilidade em conduzir a implantação da acessibilidade em seus condomínios, pois todos passarão a entender o valor e os

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Arquitetura Inclusiva: qual a responsabilidade do arquiteto?

Arquitetura inclusiva, ou arquitetura sem barreiras é quando os espaços construídos, sejam eles abertos ou fechados, no espaço urbano ou nas edificações, são capazes de receber e dar o suporte necessário às pessoas com variadas características e habilidades físicas em suas atividades diárias. A arquitetura inclusiva não se limita a proporcionar acesso somente (no sentido de poder entrar nos lugares), mas também dar condições para que as pessoas utilizem os espaços e todas as suas funcionalidades com segurança e autonomia. Disponibilidade de acesso não significa que o espaço é inclusivo! Imagine a seguinte situação: supondo que um dado restaurante possua uma entrada acessível e a área do salão possui espaço suficiente entre as mesas, de forma que todos as pessoas, independente da maneira como se locomovem (seja com as pernas, com cadeiras de roda, utilizando muletas etc.), possam chegar ao lugar, entrar e sentar-se à mesa. Agora imaginem o que acontece se as instalações sanitárias deste lugar não forem acessíveis para todas as pessoas. Resultado: o dono do restaurante estará perdendo clientes porque o espaço da sua empresa não consegue atender às necessidades de seus clientes. E é importante colocar dentro do grupo “clientes”, além das pessoas com deficiência, os idosos, as gestantes, os obesos, as crianças, pessoas que estão em condições de deficiência temporária, entre outros. Ou seja: o grupo “clientes” é extremamente amplo e possui uma gama variada de características físicas que precisam ser compreendidas e consideradas nas soluções de projeto. E como o arquiteto entra nessa conversa? O arquiteto é o profissional que possui conhecimento técnico para o desenvolvimento destes projetos e precisa ter a sensibilidade e empatia em relação ao usuário na hora de projetar, afinal de contas, os projetos normalmente são desenvolvidos para atender em primeiro lugar a uma necessidade funcional das pessoas. Questões estéticas são importantes também, mas não adianta um espaço ser bonito se não consegue atender às necessidades do usuário. Qual a responsabilidade do arquiteto nisso tudo? Desde 2004, com a promulgação do Decreto Federal 5.296 e mais recentemente, com a lei 13.146/2015, que regulamentou o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a acessibilidade nos espaços de uso público e coletivo é obrigatória. Sendo o arquiteto o profissional responsável pelos projetos de todos os tipos de espaços, é sua obrigação conhecer a legislação, esclarecer aos clientes e promover a arquitetura inclusiva. Também é importante que o arquiteto oriente seus clientes quanto à necessidade de acessibilidade em projetos de residências, vislumbrando sempre que as necessidades das pessoas mudam de acordo com a fase da vida, principalmente na velhice, quando espaços acessíveis significarão a garantia da qualidade e a autonomia dentro de casa. Desta forma, nós arquitetos temos um papel central, sendo exigido inclusive que nos Registros de Responsabilidade Técnica (RRT) esteja declarado o atendimento às normas de acessibilidade. Assim, é obrigação do arquiteto garantir que as soluções adotadas vislumbrem a acessibilidade nos espaços. Quais são os critérios que precisam ser atendidos para que a arquitetura seja inclusiva? O principal referência para os arquitetos é a norma técnica brasileira NBR-9050/2020, que estabelece os critérios mínimos para a acessibilidade nos ambientes construídos e no espaço urbano. Contudo, a arquitetura inclusiva vai muito além do atendimento mínimo das normas de acessibilidade. É preciso que o arquiteto mude seus paradigmas na hora de desenvolver o projeto, aplicando um olhar mais humano e menos mecanicista para o usuário, compreendendo a diversidade implícita no público para o qual se projeta. Além disso, é necessário que vejamos a arquitetura como parte de um sistema maior, interligado, onde as edificações sofrem a influência do meio urbano e vice-versa. Devemos perseguir soluções que sejam capazes de potencializar essa integração e reforçar a ideia de que uma sociedade melhor e mais justa só tem lugar em espaços onde todas as pessoas possam viver e interagir com igualdade de direitos e oportunidades.

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A cidade que eu quero para viver

No último dia 08 de novembro comemoramos o Dia Mundial do Urbanismo. E um dos grandes objetivos desta data é nos convidar a refletir sobre o tipo de cidade que queremos para viver e eu gostaria de estender esse convite não somente aos colegas arquitetos e outros profissionais que cuidam do planejamento e do funcionamento das cidades, mas a todas as pessoas que nela vivem, afinal, de alguma forma, todos nós atuamos na cidade e de consequência, somos impactados pelo ambiente urbano. Segundo a Organização das Nações Unidas, mais de 50% da população mundial mora em cidades e as projeções são de que em 2050 esse percentual esteja em torno de 75%. Somos muitos, vivendo próximos uns dos outros, compartilhando as belezas, os benefícios e também os problemas das grandes cidades. Então, nada mais justo que cada um de nós possa contribuir com o lugar onde vive. Eu nasci e cresci em um grande centro urbano e sou verdadeiramente apaixonada por estes ambientes cheios de diversidade, que muitas vezes parecem caóticos, e que podem ser extremamente estimulantes, ou incrivelmente intimidadores, que podem te abraçar e te fazer sentir parte do mundo, ou te excluir e segregar. As cidades tem o poder de oferecer oportunidades de desenvolvimento pessoal e qualidade de vida, mas também podem te oprimir e causar doenças. Por isso é tão importante que pensemos sobre isso. É fato que parte das soluções dos problemas das cidades está na mão do poder público e das decisões políticas. Entretanto, acredito que nós – os cidadãos – também temos a nossa parcela de responsabilidade. Então eu pergunto: o que podemos fazer para melhorar o lugar onde moramos? Como é a cidade que você quer para viver? A cidade que eu quero para viver é um lugar onde as pessoas podem exercer o seu direito de ir e vir com segurança e autonomia. Onde todas as pessoas tenham a oportunidade de frequentar a escola, museus e parques, pois há acessibilidade nas calçadas, no transporte público e nos edifícios para que todos consigam chegar lá. O lugar que eu quero para viver cuida do seu meio ambiente, tratando com carinho das praças e dos parques. Além disso, trata e dá a destinação correta ao seu lixo, reciclando ou reaproveitando ao máximo possível os resíduos. A cidade onde eu quero viver precisa ser o reflexo dos valores mais fundamentais da humanidade, onde todas as pessoas tem oportunidades iguais de desenvolvimento humano, com a devida valorização e respeito às diferenças. Onde a harmonia e o equilíbrio entre as pessoas e o meio ambiente garanta um presente repleto de esperança de que as gerações futuras poderão viver muito melhor do que vivemos hoje. Mas, voltando à minha primeira pergunta: o que eu posso fazer, como cidadã, em prol da cidade que eu quero? Acredito que podemos começar com coisas simples: Em minha casa, eu posso separar e reciclar meu lixo doméstico; Posso priorizar a utilização do transporte coletivo ao invés de usar meu carro particular; Como profissional, posso desenvolver projetos que promovam a acessibilidade nos lugares para todas as pessoas; Junto à minha comunidade, posso estimular as pessoas sobre condutas responsáveis e respeitosas em relação às outras pessoas e ao meio ambiente. Afinal, um bom exemplo vale muito! Além das pequenas coisas que listei acima, não posso deixar de destacar uma das atitudes mais importantes que podemos tomar como cidadãos a favor da nossa cidade: estamos na época das eleições municipais e neste momento podemos realmente fazer uma grande diferença, escolhendo nossos representantes de forma consciente e coerente com o lugar que sonhamos para viver. E você? Já parou para pensar sobre a sua cidade? Como é a cidade que você quer para viver e o que você pode fazer para ajudar a construir esse lugar?

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Aprendizados da pandemia: o surgimento de um novo consumidor

Acho que uma das perguntas que todos nós temos feito nos últimos tempos é como será quando tudo voltar ao normal? Mas será que aquilo que conhecemos como normal ainda existe, depois de tudo o que vivemos nos últimos meses? Ter de se isolar em casa e evitar o contato social com outras pessoas, algo que nos é tão caro e tão fundamental, apesar de doloroso, nos revelou uma série de outras coisas que a partir de agora, com ou sem pandemia, passam a fazer sentido em nossas vidas. Nossa relação com o mundo foi profundamente alterada pelo nosso instinto de sobrevivência e proteção daqueles que amamos: a nossa relação com a nossa casa, nosso trabalho e a forma como consumimos mudou e mesmo quando a tão sonhada vacina chegar, já não seremos os mesmos de outrora. A pandemia acelerou a tendência do comércio eletrônico, algo que já vinha entrando vagarosamente em nossas vidas. De repente, por algum tempo parecia a única alternativa viável para se comprar de tudo, e de uma hora para outra, todos aprendemos a comprar pelo celular. Nossas relações familiares também passaram a ser mediadas pela tela do celular e nossos encontros dominicais passaram a acontecer por vídeo-chamada. Passamos a consumir shows e espetáculos culturais através das Lives e a participar de festivais gastronômicos promovidos pelos restaurantes nas redes sociais. O trabalho dos entregadores nunca foi tão necessário e valorizado. E o que dizer dos milhares de brasileiros que passaram a trabalhar de suas casas? Pesquisas indicam que 7 entre 10 pessoas que hoje trabalham em regime de home-office gostariam de permanecer neste sistema, mesmo quando a pandemia acabar. É fato que são muitas as dificuldades e desafios do trabalho em casa, mas também há muitas vantagens neste estilo de vida. Então, já não faz mais sentido achar que tudo será como antes. Precisamos entender que algumas coisas que entraram em nossas vidas por causa da pandemia vão permanecer, mesmo quando tudo isso passar: já somos pessoas diferentes, com hábitos de consumo alterados e com nossas relações sociais totalmente modificadas por estes novos hábitos de vida. O comércio, o turismo e os negócios de entretenimento, de uma forma geral, terão de se adaptar a este novo consumidor se quiserem sobreviver. A arquitetura também deverá se adaptar, pois novos estilos de vida estão surgindo a partir dessa experiência que estamos vivendo e os ambientes terão novas configurações para atender a novas necessidades. Bares, restaurantes, lojas, cinemas, shoppings e casas de espetáculo tem um grande desafio pela frente: precisarão entender esse novo cliente para encontrar as estratégias certas para atendê-lo. As pessoas estão ávidas por retomar o contato social, voltar às ruas para consumir e viver experiências que tragam felicidade e prazer, e acima de tudo, celebrar a vida. Porém, esse consumidor já não é mais o mesmo que conhecíamos no início de 2020. E você, está preparado para enfrentar esse novo cenário?

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Cidadania e Inclusão: Os impactos do novo PL 6.159/19 no mercado de trabalho para pessoas com deficiência

No último dia 26 de novembro o Governo Federal apresentou um Projeto de Lei (PL 6.159/19) que ameaça a política de inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A proposta, que tramita em regime de urgência, sugere que as empresas troquem a contratação de pessoas com deficiência pelo pagamento de uma multa no valor de dois salários mínimos, durante três meses. Além disso, permite a extinção de vagas existentes nas empresas de prestação de serviços terceirizados e temporários que atuem em órgãos públicos; entre outas medidas. É importante esclarecer que a obrigatoriedade de contratação de pessoas com deficiência por empresa com mais de 100 funcionários não é um “privilégio” para um determinado grupo da sociedade. Mas representa a equiparação ou a compensação de um desequilíbrio na competição por uma vaga de emprego, que impulsiona a inclusão social de um grupo que via de regra encontra-se em constante desvantagem em nossa sociedade. Segundo o IBGE, as pessoas com deficiência representam apenas 0,9% das carteiras assinadas no país e esta proposta do Governo Federal pode ajudar a derrubar ainda mais este número. Na contramão da Declaração Internacional dos Direitos da Pessoas com Deficiência e da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, o Projeto de Lei 159/19 visa favorecer empresas pouco comprometidas com responsabilidade social e ao mesmo tempo, pode representar um aumento de despesas para o Governo, uma vez que, com a diminuição das oportunidades no mercado de trabalho, as pessoas com deficiência tendem a ficar reféns dos benefícios da Previdência Social para sobreviver. Estimular a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, além de economia para os cofres públicos, também produz ganhos dentro das empresas. Estudos comprovam que a presença de pessoas com deficiência aumenta a produtividade e melhora o clima organizacional das empresas, além de alimentar uma imagem corporativa positiva perante o mercado e a concorrência. Os ganhos sociais são inúmeros e em todas as frentes: é vantajoso para a sociedade, para a empresa e para o governo. O que você acha dessa medida?

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O que é deficiência? A nova interpretação do IBGE e seus impactos na sociedade.

De acordo com o Censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), nosso país possui mais de 46 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que equivale a 24% da população. Recentemente, o IBGE divulgou uma releitura dos dados do Censo de 2010, utilizando a abordagem proposta pelo Grupo de Washington. Este grupo está subordinado à Comissão de Estatística das Nações Unidas e tem como objetivo padronizar definições, conceitos e metodologias para que seja possível efetuar comparações entre estatísticas de diferentes países. Nessa nova forma de interpretação dos dados o IBGE chegou ao número de 12,5 milhões de brasileiros com deficiência, ou seja, 6,7% da população. Para identificar as pessoas com deficiência, na pesquisa por amostragem de domicílios é investigado o grau de domínio que as pessoas possuem de suas funções centrais (ver, ouvir, movimentar-se, pensar, etc.), importantes na participação da vida em sociedade, de forma que os entrevistados respondem sobre suas dificuldades em relação a estas funções centrais, utilizando como parâmetro uma escala indicando possuir “nenhuma dificuldade”, “alguma dificuldade”, “muita dificuldade” ou “não consegue de modo algum”. Na leitura inicial dos dados, o IBGE considerou pessoa com deficiência os entrevistados que indicaram possuir alguma ou muita dificuldade e aqueles que não conseguia de modo algum ter o domínio de suas funções centrais. Nesta nova abordagem, foram consideradas pessoas com deficiência apenas aquelas que disseram ter muita dificuldade ou não conseguem de modo algum. Ou seja, a nota de corte está mais severa. Uma vez que estes indicadores são utilizados pelos estados e municípios no planejamento e nos investimentos em infraestrutura de mobilidade das cidades, podemos dizer que esta mudança afeta diretamente não somente às pessoas com deficiência, mas a todos os cidadãos. Além da preocupação gerada pelos dados do IBGE em relação à referência que representam na elaboração de políticas públicas de inclusão, fica a reflexão sobre a definição do conceito de pessoa com deficiência utilizada na metodologia empregada pelo IBGE, que me parece muito mais próxima do modelo médico de deficiência. Neste modelo, a deficiência é uma “patologia”, de forma que o corpo da pessoa possui funções físico, intelectual ou sensorial “fora dos padrões de normalidade”, imputando a deficiência unicamente à pessoa, tornando-a um “paciente” a espera de uma cura. Esta definição de deficiência não é mais utilizada desde a década de 80. Além disso, não converge com a Declaração Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, da qual o Brasil é signatário, bem como a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, onde é utilizado o modelo social de deficiência. Neste modelo, a deficiência é um desajuste entre as habilidades potenciais de atuação em sociedade de cada pessoa e o suporte que o ambiente oferece para o desenvolvimento dessas habilidades. Neste modelo, a sociedade é responsável por providenciar os meios necessários para que todas as pessoas possam conviver e se desenvolver na sociedade, de forma equiparada e harmoniosa, independentemente de suas características físicas ou habilidades. Diante disso, fica a apreensão sobre os dados que temos para a realização do planejamento de nossas políticas públicas. Primeiramente, porque parecem não corresponder à realidade, visto que as perguntas para identificação do grupo “pessoas com deficiência” são subjetivas e baseadas em um modelo ultrapassado e que não condiz com os valores expressos em nossa legislação e em segundo lugar, porque a análise sugerida pela nova metodologia utilizada pelo IBGE dá margem para um planejamento de políticas públicas possivelmente distorcidas e que não atendem aos anseios e à necessidade da população. Que tal participar deste debate e acompanhar de perto estas medidas?

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